O filme de Gal Gadot que quebrou recordes e se tornou o mais assistido da história da Netflix em um único dia Robert Viglasky / Netflix

O filme de Gal Gadot que quebrou recordes e se tornou o mais assistido da história da Netflix em um único dia

A Inteligência Artificial, como bem sabemos, avança de maneira alarmante, aproximando-se rapidamente do momento em que deixará de ser apenas uma ferramenta tecnológica para se tornar uma ameaça concreta à humanidade. O que antes eram apenas competidores silenciosos — dispositivos, softwares, robôs — agora parece tomar a forma de adversários perigosos, com planos cada vez mais audaciosos de dominação, movidos por uma crueldade implacável e pela mesma sede de poder que impulsionou a história da humanidade por milhares de anos.

É neste contexto que surge “Agente Stone”, uma distopia dirigida por Tom Harper, que explora os riscos dessa interação entre humanos e máquinas através dos olhos de uma personagem central complexa: uma espiã que enfrenta dilemas éticos e emocionais que refletem os medos e incertezas do cidadão comum neste século 21. A narrativa, cuidadosamente desenhada por Allison Schroeder e Greg Rucka, leva o espectador a uma jornada onde a aparente indiferença de Stone às transformações tecnológicas ao seu redor esconde uma luta interna profunda. À medida que a história avança, Harper habilmente manipula essas percepções, revelando uma protagonista dividida entre o temor e a aceitação de um destino que compartilha com a humanidade.

Harper dá início ao filme com uma cena impressionante, mostrando a vastidão das montanhas cobertas de neve da Alpin Arena Senales, uma isolada estação de esqui no norte da Itália. A calmaria do local contrasta com a atmosfera suspeita de uma festa que se desenrola sob um sol tímido. Nesse cenário, Rachel Stone, uma agente de elite do MI6—o serviço secreto britânico responsável por missões internacionais — prepara-se para entrar em ação.

 Depois de um breve momento de descontração, onde saboreia um pacote de batatas fritas e ouve uma atualização casual sobre Barry, o gato de seu colega Max Bailey, interpretado por Paul Ready, Stone assume sua nova missão: capturar, vivo ou morto, o mais notório traficante de armas do mundo, que ressurgiu após três anos de fuga. Gal Gadot incorpora brilhantemente essa combinação de doçura e frieza, características que Stone utiliza para cumprir sua perigosa tarefa.

O filme, que se desenrola em pouco mais de duas horas, é repleto de reviravoltas e personagens ambíguos, como o Parker de Jamie Dornan, que traz sua experiência em papéis complexos desde “O Cerco de Jadotville” (2016), dirigido por Richie Smyth, e remete ao vilão enfrentado por Henry Cavill em “Missão: Impossível — Efeito Fallout” (2018), de Christopher McQuarrie.

No decorrer do segundo ato, torna-se evidente que Stone não é um exemplo de virtude em sua profissão. Sua lealdade ao MI6 é, na verdade, vinculada à Carta, uma organização clandestina composta por agentes solitários e suicidas dispostos a qualquer coisa para alcançar a paz mundial. Até o desfecho, “Agente Stone” se contenta em explorar essa zona de ambiguidade moral, utilizando clichês e impressionantes efeitos visuais para construir uma narrativa que sugere uma possível continuação — se o mundo ainda estiver de pé para tanto.


Filme: Agente Stone
Direção: Tom Harper
Ano: 2023
Gênero: Mistério
Nota: 8/10