Joel Edgerton, amplamente reconhecido por sua atuação em obras como “A Hora Mais Escura” e “O Grande Gatsby”, dá um passo adiante em sua carreira ao dirigir seu segundo longa-metragem, “Boy Erased: Uma Verdade Anulada”. Este filme é uma adaptação do livro autobiográfico de Garrard Conley, que narra a dolorosa trajetória de Jared Eamons (Lucas Hedges), um jovem de 19 anos criado no conservador interior do Arkansas, onde seu pai é pastor batista. Quando Jared revela sua orientação sexual aos pais, ele é pressionado a se submeter a um programa de conversão gay, liderado por Victor Sykes (Edgerton).
O programa, caracterizado por métodos que carecem de qualquer fundamentação científica, expõe os jovens a uma série de abusos físicos e psicológicos com o objetivo de suprimir sua orientação sexual. À medida que Jared enfrenta esses tratamentos, ele começa a questionar não apenas a eficácia, mas também a moralidade das práticas impostas. Com o passar do tempo, sua determinação em recusar a submissão cresce, levando-o a aceitar sua verdadeira identidade e a buscar uma paz interior que não pode ser encontrada em tais programas.
O filme oferece uma visão contundente sobre a violência psicológica infligida a jovens em programas de conversão, que muitas vezes são realizados sob a pressão da necessidade de aceitação dentro de suas comunidades religiosas. Conley, cuja própria vida serve de base para a narrativa, esteve diretamente envolvido na produção como consultor, garantindo que a história mantivesse sua autenticidade. A produção visa expor os danos devastadores causados por essas “terapias” fraudulentas e sublinhar a importância crucial da autoaceitação.
As atuações entregues por Hedges, Kidman e Crowe são intensas e carregadas de emoção, o que aproxima o público das lutas internas dos personagens e promove uma profunda empatia. Nicole Kidman e Russell Crowe, que interpretam os pais de Jared, adicionam uma camada complexa à história, ilustrando como as crenças religiosas podem influenciar e até complicar os laços familiares e a construção da identidade pessoal.
Com um orçamento modesto, a produção de “Boy Erased” foi filmada na Geórgia, em locações que capturam com precisão a atmosfera do sul dos Estados Unidos, reforçando o realismo e a autenticidade do cenário. As filmagens foram intensas, com momentos de forte carga emocional, especialmente nas cenas que retratam os abusos, refletindo o peso dramático da história real vivida por Conley.
Edgerton procurou, com “Boy Erased”, criar uma obra que não apenas retratasse fielmente a experiência dolorosa de Conley, mas que também servisse como um alerta poderoso e uma fonte de empoderamento para jovens que enfrentam circunstâncias similares. A mensagem central do filme é amplificada por seu compromisso em condenar as práticas de conversão gay, ao mesmo tempo em que promove um diálogo necessário sobre aceitação e amor incondicional.
Disponível na Netflix, “Boy Erased” foi amplamente aclamado pela crítica, especialmente pelas performances de Hedges, Kidman e Crowe, além da abordagem sensível a um tema tão delicado. A narrativa do filme é um grito de alerta contra as práticas de conversão, sublinhando a urgência de respeitar e acolher a diversidade sexual. Através da jornada de Jared, o filme relembra a todos da importância de viver de forma autêntica e da necessidade de resistir a práticas prejudiciais que se disfarçam de ajuda.
Filme: Boy Erased: Uma Verdade Anulada
Direção: Joel Edgerton
Ano: 2018
Gênero: Drama/Biografia
Nota: 9