Sucesso comercial com Hugh Jackman, thriller de fantasia levou 75 milhões de pessoas aos cinemas e faturou 1,5 bilhão de reais Van Helsing

Sucesso comercial com Hugh Jackman, thriller de fantasia levou 75 milhões de pessoas aos cinemas e faturou 1,5 bilhão de reais

 “Van Helsing — O Caçador de Monstros” leva o espectador em uma jornada pela vida deste personagem, que desafia categorizações fáceis. Parte homem, parte fera, Van Helsing se lança em uma batalha interminável contra vampiros, lobisomens, bruxas e feiticeiros. Sua vida é marcada pela luta constante, movendo-se de um lugar para outro sem garantias de sucesso. Stephen Sommers, com sua experiência em direção, orquestra cada elemento de forma precisa, resultando em uma narrativa que, embora abrace o absurdo, não perde de vista o humor sutil que humaniza seu anti-herói.

Sommers, conhecido por dirigir filmes como “As Aventuras de Huckleberry Finn” (1993) e “O Livro da Selva” (1994) — uma adaptação lúdica da obra de Rudyard Kipling —, fez uma transição significativa para o terror e o gore com “Tentáculos” (1998), que conta a história de uma lula gigante atacando um navio de cruzeiro. O sucesso de “A Múmia” (1999) consolidou sua habilidade em mesclar terror com entretenimento, levando à sequência “O Retorno da Múmia” (2001). A influência de cineastas como James Whale, de “A Noiva de Frankenstein” (1935), e Mel Brooks, com seu irreverente “O Jovem Frankenstein” (1974), é evidente em sua obra. No entanto, “O Caçador de Monstros” estabelece uma identidade própria, distinta e marcante.

A escolha de começar o filme em preto e branco, sob a direção de fotografia de Allen Daviau, cria uma atmosfera que remete ao passado, transportando o público para a Transilvânia de 1887. Uma multidão de fanáticos, armados com foices e tochas, persegue uma criatura monstruosa, em uma cena que pode ter influenciado Yorgos Lanthimos em seu “Pobres Criaturas” (2023). No entanto, ao contrário do lirismo presente na obra de Lanthimos, Sommers opta por um enfoque mais direto e visceral.

O monstro de Sommers é encurralado em um moinho, que é incendiado pela turba. A sequência abre caminho para a entrada de Van Helsing, que promete ao Dr. Victor Frankenstein, interpretado por Samuel West, uma solução para seus problemas. No entanto, antes de enfrentar essa tarefa, ele se encontra com o Senhor Hyde, interpretado por Robbie Coltrane, escondido na Catedral de Notre Dame. Após fracassar nessas duas missões, Van Helsing é enviado à Cidade do Vaticano, onde recebe armamento avançado de uma seita secreta, uma Opus Dei emergente que vê nas experiências de Frankenstein uma ameaça à fé católica.

Até esse ponto, Van Helsing é retratado como um lobo solitário, um justiceiro sem causa definida, cuja única missão é cumprir aquilo que acredita ser seu destino. No entanto, a interpretação de Hugh Jackman confere ao personagem uma dimensão mais humana, que se torna ainda mais evidente quando ele encontra Anna Valerious. Junto com seu irmão Velkan, interpretado por Will Kemp, Anna pertence à última geração de sua família, que só poderá encontrar paz após a morte de Drácula.

Kate Beckinsale, como Anna, traz um contraponto à rigidez de Van Helsing, acrescentando um toque de ternura ao filme. Juntos, eles formam uma dupla unida não por paixão, mas por um objetivo comum — a destruição de Drácula e seus seguidores.

Mesmo com o uso extensivo de computação gráfica, a mensagem central do filme se mantém clara: o desconhecido deve ser combatido. “Van Helsing — O Caçador de Monstros”, na Netfllix, é, em sua essência, uma reflexão sobre a luta eterna entre o bem e o mal, onde a linha entre herói e monstro é frequentemente borrada. O filme convida o público a questionar quem, de fato, são os verdadeiros monstros da história.


Filme: Van Helsing – O Caçador de Monstros
Direção: Stephen Sommers
Ano: 2004
Gêneros: Terror/Ação
Nota: 8/10