Catherine Hardwicke, ao ser aclamada pelo sucesso de “Os Reis de Dogtown””, viu sua popularidade e reconhecimento crescer ainda mais com “Crepúsculo”. Este primeiro filme da famosa saga não apenas capturou a atenção dos fãs de vampiros, mas também se tornou um fenômeno cultural, mesmo sem conquistar a crítica especializada. Contudo, em uma entrevista de 2023, Hardwicke revelou por que decidiu não seguir adiante nas continuações. Segundo ela, as sequências não possuíam o encanto presente no livro original, e sem essa paixão, ela optou por deixar o projeto. Hardwicke também expressou sua frustração pelo fato de que não conseguiram encontrar outras mulheres para dirigir os filmes subsequentes, que acabaram nas mãos de Chris Weitz, David Slade e Bill Condon.
É inegável que a saída de Hardwicke trouxe uma mudança perceptível nos filmes seguintes. Apesar de as continuações terem perdido um pouco do charme inicial, isso não impediu a saga de continuar a quebrar recordes de bilheteria. “Eclipse”, por exemplo, conseguiu praticamente dobrar os lucros de seu predecessor, provando que o apelo da franquia estava longe de enfraquecer.
Embora seja comum encontrar críticas ao filme “Crepúsculo”, vale a pena reconhecer seus méritos. Ele abriu caminho para uma série de romances sombrios que dominaram o cenário literário e cinematográfico nas décadas seguintes. Obras como “50 Tons de Cinza”, “Através da Minha Janela” e “O Fabricante de Lágrimas” devem seu sucesso ao fenômeno iniciado por Stephenie Meyer. É interessante notar que, enquanto esses romances foram influenciados por “Crepúsculo”, Meyer se inspirou em autores como Anne Rice, Jane Austen e William Shakespeare, trazendo uma profundidade inesperada à sua obra.
O filme também foi responsável por lançar dois atores talentosos à fama global. Kristen Stewart, que deu vida à protagonista Bella Swan, talvez não tenha agradado a todos com seu estilo de atuação, mas demonstrou que é possível brilhar sem recorrer à expressividade exagerada. Como Woody Allen observou, Stewart trouxe uma autenticidade incomum às telas, com sua atuação marcada por uma sutileza muitas vezes subestimada.
Robert Pattinson, que interpretou o misterioso Edward Cullen, também se destacou após “Crepúsculo”. Seu talento ficou ainda mais evidente em papéis como o perturbado Thomas Howard em “O Farol” e o reverendo desonesto em “O Diabo de Cada Dia”. Até mesmo em “Batman”, sob a direção de Matt Reeves, ele provou ser um ator versátil e com uma carreira promissora pela frente. Stewart e Pattinson redefiniram os padrões de protagonistas românticos, mostrando que personagens excêntricos e introspectivos também podem cativar o público. Difícil imaginar uma escolha de elenco mais acertada para “Crepúsculo”.
Curiosamente, antes de alcançar a fama com “Crepúsculo”, Pattinson enfrentou momentos difíceis. Em entrevista a Ellen DeGeneres, ele revelou que, após um pequeno papel na saga “Harry Potter”, considerou desistir da carreira de ator. Estava falido e chegou a viver em seu carro antes de ser escolhido para interpretar Edward. Graças a esse filme, que muitos consideram um entretenimento leve e adolescente, ele conseguiu evitar o retorno à casa dos pais na Inglaterra.
Quanto à trama de “Crepúsculo”, na Netflix, é provável que você já esteja familiarizado. A história gira em torno de uma jovem que se muda para a chuvosa cidade de Forks, onde vai morar com o pai. Na escola, ela conhece Edward, um colega de classe que a princípio parece desprezá-la, mas cujo comportamento enigmático logo desperta sua curiosidade. Com o tempo, Bella descobre que Edward, na verdade, é um vampiro, e que sua aparente aversão é, na verdade, uma luta interna para resistir ao cheiro do sangue dela. Enquanto Bella se considera comum, ela acaba atraindo não apenas a atenção de Edward, mas também a de um lobisomem e de outras criaturas sobrenaturais que habitam o mundo ao seu redor.
Filme: Crepúsculo
Direção: Catherine Hardwicke
Ano: 2008
Gênero: Drama/Fantasia/Romance
Nota: 8/10