Em 2007, um inglês chamado Harry Hallowes, um ex-sem-teto que havia construído uma cabana no meio do Hampstead Heath, em Londres, travou uma batalha legal contra uma incorporadora que pretendia despejá-lo para construir um condomínio de luxo no local. A história de Hallowes ganhou notoriedade e acabou inspirando o filme dirigido por Joel Hopkins, com roteiro de Robert Festinger, intitulado “Hampstead: Nunca é Tarde para Amar”, lançado em 2017.
Estrelado por Brendan Gleeson — indicado ao Oscar de Melhor Ator Coadjuvante por seu papel em “Os Banshees de Inisherin”, em 2023 —, o filme apresenta Gleeson no papel de Donald Horner, um personagem inspirado em Hallowes. Horner é um ex-morador de rua irlandês que transformou um recanto no meio do parque em seu lar, onde vive há 17 anos. Um dia, ele conhece Emily (Diane Keaton), uma viúva americana com problemas financeiros, que se encontra perdida, sem saber que rumo seguir na vida após a morte do marido.
Quando Emily descobre que Horner está prestes a ser despejado de sua casa, ela, que possui fortes convicções anti-capitalistas, decide ajudá-lo a se defender judicialmente. Emily o apresenta a um advogado, e juntos eles começam a construir um caso para impedir a demolição da casa de Donald. À medida que enfrentam a batalha legal e convivem quase diariamente, desenvolvem um romance improvável entre uma ex-burguesa e um ex-morador de rua.
Além das dificuldades pessoais que cada um enfrenta nesse período de suas vidas, eles também precisam lidar com o preconceito em relação ao seu relacionamento. O círculo social de Emily considera vergonhoso que ela esteja se envolvendo com alguém à margem da sociedade. Paralelamente, a repercussão do caso judicial expõe Donald, tornando-o alvo de ataques de moradores locais favoráveis à obra e à especulação imobiliária na região. O filme provoca reflexões sobre questões sociais, capitalismo e a possibilidade de um novo amor na terceira idade.
Tanto Donald quanto Emily precisam enfrentar suas dores do passado e dilemas pessoais para aprender a seguir em frente e aceitar esse novo momento em suas vidas.
Na vida real, Harry Hallowes, o morador do parque, venceu o caso e continuou a viver em sua cabana até sua morte, em 2016. Ele deixou a propriedade, avaliada em milhões de libras, para instituições de caridade locais. Na ficção, o rumo da história segue um caminho diferente, mas continua a ser inspirador.
Para capturar a atmosfera autêntica do local, várias cenas foram gravadas no próprio Hampstead Heath, no norte de Londres. A direção de fotografia, conduzida por Felix Wiedemann, faz uso de cores suaves e vibrantes para retratar a beleza dos cenários do parque, criando um visual pitoresco, delicado e melancólico. O design de produção estudou a verdadeira cabana de Harry Hallowes para recriá-la com fidelidade nas telas, de modo que a casa de Donald apresenta características muito similares à original, mantendo a mesma simplicidade e acolhimento.
“Hampstead: Nunca é Tarde para Amar”, disponível no Prime Video, é um filme doce e encantador, com um ritmo lento e tranquilo, perfeito para embalar tardes calmas e relaxantes.
Filme: Hampstead: Nunca é tarde para amar
Direção: Joel Hopkins
Ano: 2017
Gênero: Drama/Comédia/Romance
Nota: 8