Você não vai resistir: a melhor comédia romântica de Jennifer Lopez está na Netflix vai te fazer querer assistir duas vezes Divulgação / Sony Pictures Releasing

Você não vai resistir: a melhor comédia romântica de Jennifer Lopez está na Netflix vai te fazer querer assistir duas vezes

Ser pai ou mãe é uma jornada repleta de desafios e recompensas, onde a linha entre o aceitável e o intolerável se expande constantemente. Essa travessia é marcada por negociações persistentes, gritos inesperados, tentativas falhas de persuadir sobre a importância de uma refeição saudável ou de um banho necessário. O olhar atento sobre o que a criança consome e, ainda mais, sobre o que dela sai, torna-se um dos prazeres que pais e mães não abrem mão, por mais exaustivo que seja, considerando-o quase um paraíso terrenal.

Zoe, a personagem central de “Plano B”, está determinada a viver todas as experiências que a maternidade pode proporcionar, mas esbarra na ausência da peça fundamental: o parceiro ideal. Quanto mais ela procura, mais inalcançável parece o seu sonho de ser mãe. O diretor Alan Poul explora essa tensão ao extremo, utilizando uma anti-heroína romântica para investigar as dificuldades reais de trazer ao mundo um filho sem a presença de um pai, ainda que Zoe tenha se esforçado para encontrar essa figura. A roteirista Kate Angelo dedica 106 minutos a desvendar as complexidades de uma possível maternidade solo, culminando em uma reviravolta previsível, mas satisfatória.

Zoe é proprietária de uma loja de animais em Manhattan e está desesperada para ter um filho. Incapaz de manter um relacionamento estável, ela recorre a Clive, seu melhor amigo, interpretado por Eric Christian Olsen, pedindo-lhe uma contribuição meramente biológica. Naturalmente, ele rejeita a ideia como absurda, o que leva Zoe a optar por um caminho mais convencional: a inseminação artificial.

 Scott Harris, o geneticista que a acompanha, é uma figura gentil e quase paternal, o que, mesmo sem essa intenção, suaviza o drama inerente à situação, evidenciando uma falha no roteiro de Angelo. Contudo, as cenas com Jennifer Lopez e Robert Klein oferecem não apenas alívio cômico, mas também a chance de desmistificar a fertilização assistida — mérito da direção de arte de Scott Dougan e Priscilla Elliott, que recria com precisão o ambiente das clínicas de reprodução, refletindo os avanços desse campo médico, cada vez mais acessível, para o bem ou para o mal.

Após receber a notícia de que a fertilização foi bem-sucedida, Zoe sai do consultório do Dr. Harris radiante. Como se a natureza quisesse saudá-la por participar do milagre da vida, um temporal repentino começa. Ela chama um táxi, mas, antes de conseguir dar o destino ao motorista, um desconhecido surge ao seu lado, reivindicando ter chamado o veículo primeiro.

Daquele momento em diante, os caminhos de Zoe e Stan, o estranho, se entrelaçam de forma inevitável, e o desenlace torna-se previsível. Alex O’Loughlin e Jennifer Lopez exibem uma química irresistível, mas Alan Poul ainda encontra espaço para que coadjuvantes como Michaela Watkins, no papel de Mona, a amiga fiel de Zoe, e Melissa McCarthy, brilhem em suas atuações. A longa sequência do casamento de Nana, avó de Zoe, interpretada por Linda Lavin, e Arthur, vivido por Tom Bosley (1927-2010), minutos antes do clímax, justifica o melodrama que permeia o segundo ato dessa comédia, que flerta perigosamente com a perda de ritmo e direção em mais de uma ocasião.


Filme: Plano B
Direção: Alan Poul
Ano: 2010
Gêneros: Comédia/Romance
Nota: 7/10