O filme de 9 bilhões de reais, indicado a 6 Oscars, em sua última exibição na Netflix Divulgação / Paramount Pictures

O filme de 9 bilhões de reais, indicado a 6 Oscars, em sua última exibição na Netflix

No universo cinematográfico, é inevitável que, em algum momento, uma grande obra do passado comece a ser sentida como uma ausência. Esses filmes, que pairam acima das constantes produções que a indústria cultural despeja anualmente, acabam sendo resgatados, às vezes de forma questionável, para reviver glórias de outrora. Mas o sucesso de ontem nem sempre se repete, e isso vale tanto para aspectos concretos quanto para reflexões mais filosóficas, como a busca incessante por revitalizar o passado. “Top Gun: Maverick” surge nesse contexto, e apesar do risco, justifica cada dólar investido em sua produção. Com direção de Joseph Kosinski, o filme reúne um elenco talentoso tanto na frente quanto atrás das câmeras, recriando com sucesso o espírito do longa original de Tony Scott, lançado há quase quatro décadas.

Assim como em 1986, grande parte do impacto de “Maverick” está na atuação de Tom Cruise. Seu personagem, Pete Mitchell, evoluiu para uma versão mais madura e intrépida, sem perder a essência que o tornou icônico. Cruise, consolidado como uma das figuras mais lucrativas de Hollywood, continua a encantar com suas façanhas, seja no ar ou em terra, mantendo o público cativado com sua versatilidade.

O roteiro de Jim Cash, Peter Craig e Jack Epps Jr. traz Mitchell de volta à ação, agora com a missão de testar um F/A-18 da Marinha americana, enfrentando desafios que colocam à prova suas habilidades. Embora esperado que ele triunfasse na primeira parte da missão, seu fracasso na segunda, quando tenta ir além dos limites estabelecidos, resulta em um retorno forçado à Top Gun, onde agora deve treinar novos pilotos de caça, os melhores de sua geração.

O filme dedica um tempo significativo à reintrodução de Maverick, que aparece inicialmente como uma figura solitária e depois se infiltra em um bar onde os novos recrutas exibem sua arrogância juvenil. Jennifer Connelly, interpretando Penny Benjamin, uma figura importante do passado de Maverick, traz uma presença feminina marcante ao enredo, retomando o destaque dado às mulheres já no primeiro filme.

Quando assume seu papel de mentor na Top Gun, o enredo revive memórias do filme original, especialmente a morte de Goose, personagem de Anthony Edwards. A relação de Maverick com Rooster, filho de Goose, interpretado por Miles Teller, cria uma subtrama poderosa que sustenta boa parte dos 130 minutos do filme. Embora alguns momentos pareçam uma repetição nostálgica dos anos 1980, como a icônica cena de vôlei, é a interação entre Cruise e o elenco jovem que realmente eleva o filme, provando que “Top Gun: Maverick” não é apenas uma tentativa de reviver o passado, mas uma reinterpretação que se conecta profundamente com o presente.


Filme: Top Gun: Maverick
Direção: Joseph Kosinski
Ano: 2022
Gêneros: Ação/Thriller
Nota: 8/10