George Clooney assume as rédeas de “Caçadores de Obras-Primas”, uma narrativa vibrante e emotiva que revisita a tirania de Adolf Hitler (1889-1945) sobre a Europa durante a Segunda Guerra Mundial (1939-1945). Hitler, em sua crueldade estratégica, reconhecia que subjugar as nações não se limitava ao domínio militar; era igualmente crucial destruir o espírito cultural dos povos sob seu controle, através da expropriação metódica e covarde de seus maiores tesouros culturais, os quais simbolizavam sua identidade e esperança de liberdade, mesmo que essa estivesse distante.
O roteiro, assinado por Clooney, Grant Heslov e Robert M. Edsel, se propõe a trazer à luz os acontecimentos reais de uma missão americana na Bélgica e França, que visava recuperar o patrimônio artístico da humanidade saqueado pelos nazistas. Essas histórias, algumas já conhecidas do grande público e retratadas em filmes anteriores, ressurgem aqui não apenas como relatos de ação, mas como episódios carregados de humanidade, que alternam entre o triunfo e o fracasso. As narrativas, ao emergirem do passado nebuloso, ganham forma concreta, evidenciando a psicopatia dos envolvidos e revelando sua indiferença brutal e o ódio que guiava suas ações bárbaras.
Em uma cena marcante em Gante, no noroeste da Bélgica, um homem examina calmamente uma obra do século 6º. O diretor, com precisão, organiza os elementos do cenário, enquanto Frank Stokes, o oficial americano interpretado por Clooney, decide que, mesmo diante da ameaça iminente de bombardeio, os Aliados têm a obrigação moral de salvar essa e outras obras de arte. Este segmento leva o público a reviver o cenário angustiante do Dia D, em 6 de junho de 1944, quando soldados, muitos já mais velhos para a brutalidade do combate, se arrastam pela praia da Normandia, determinados a cumprir sua missão. Graças a esses esforços, sete décadas depois, o mundo ainda pode se maravilhar com a Madona das Rochas de Leonardo da Vinci (1452-1519) e a majestade do Davi de Michelangelo Buonarroti (1475-1564).
John Goodman, em sua robustez e carisma característicos, aparece em momentos estratégicos, trazendo alívio à tensão de uma narrativa que, apesar de sombria, é essencial. Sua presença suaviza o peso do enredo, que, embora entremeado por perdas de vidas heroicas, caminha para um desfecho que celebra a vitória sobre a barbárie.
O filme aborda temas que, embora já amplamente discutidos, como a liderança de Hitler na Alemanha dos anos 1930 e 1940, ganham aqui uma nova perspectiva, demonstrando que o debate sobre esse período tenebroso ainda é vital. “Caçadores de Obras-Primas”, na Netflix, serve como um alerta reflexivo sobre a vida miserável que a humanidade teria enfrentado se o nazismo não tivesse sido contido, deixando no ar a inquietante pergunta sobre o que teria sobrado para contar essa história.
Filme: Caçadores de Obras-Primas
Direção: George Clooney
Ano: 2014
Gêneros: Guerra/Thriller
Nota: 8/10