Maior bilheteria da carreira de Woody Allen, filme que foi indicado a 103 prêmios e levou o Oscar está na Netflix Divulgação / Sony Pictures Classics

Maior bilheteria da carreira de Woody Allen, filme que foi indicado a 103 prêmios e levou o Oscar está na Netflix

“Meia-Noite em Paris” é uma reflexão singular de Woody Allen sobre a inexorável passagem do tempo e a forma como nos relacionamos com ele. O filme nos coloca diante de uma realidade inevitável: o tempo, em sua marcha contínua, é um adversário implacável, que nos força a confrontar a finitude da existência.

Desde o início, somos envolvidos em uma batalha que sabemos ser impossível de vencer, e, ainda assim, buscamos a felicidade, como se fosse algo tangível e permanente. Essa busca, muitas vezes, nos leva a um estado de alienação, onde as sombras do passado e as projeções de nossos desejos mais profundos se misturam, criando uma ilusão de realidade que nos aprisiona.

Allen, com sua habilidade inigualável de tecer narrativas que fogem ao ordinário, explora o desejo humano de transcender o tempo, de encontrar sentido em meio ao caos. Suas histórias, carregadas de um toque de magia e surrealismo, refletem o anseio universal por algo além do cotidiano.

Em “Meia-Noite em Paris”, ele não só nos oferece uma viagem no tempo, mas também um olhar profundo sobre a insatisfação crônica que aflige a humanidade. A ideia de que o passado era um tempo melhor, mais autêntico, é um tema recorrente, mas Allen nos desafia a questionar essa nostalgia, sugerindo que a idealização de épocas passadas é, em si, uma armadilha.

Gil Pender, o protagonista, é o espelho dessa inquietação. Escritor de roteiros insatisfeito com sua vida e carreira, ele é um homem em busca de autenticidade, de um sentido maior para sua existência. Através de uma série de encontros mágicos com figuras icônicas do passado, Pender é confrontado com suas próprias ilusões e expectativas. Allen, em sua típica meticulosidade, constrói um enredo onde cada diálogo, cada interação, carrega uma carga filosófica significativa, que desafia tanto o personagem quanto o espectador a refletir sobre o valor do presente.

A performance de Owen Wilson, como Gil, surpreende pela precisão com que captura a essência do personagem. Sua atuação confere uma autenticidade rara à narrativa, ancorando a trama em uma realidade emocional que ressoa profundamente. Ao lado de um elenco de apoio igualmente talentoso, Wilson transforma “Meia-Noite em Paris”, na Netflix, em uma experiência cinematográfica que transcende o simples entretenimento, oferecendo uma meditação sobre o tempo, a criatividade, e o que significa viver de verdade.

Através de seu estilo inconfundível, Allen nos lembra que a insatisfação com o presente é uma condição inerente à natureza humana, mas que, ao mesmo tempo, é preciso encontrar um equilíbrio, um meio de viver plenamente no aqui e agora. “Meia-Noite em Paris” não é apenas um filme, mas um convite à introspecção, a uma reconsideração de nossas prioridades e da forma como enxergamos o mundo ao nosso redor.

Em uma era marcada por incertezas e mudanças rápidas, a mensagem de Allen ressoa com uma clareza ainda maior, instigando-nos a abraçar o presente e a encontrar beleza nas imperfeições da vida cotidiana.


Filme: Meia-Noite em Paris
Direção: Woody Allen
Ano: 2011
Gêneros: Fantasia/Romance/Comédia/Ficção científica
Nota: 10