Filme com Rachel McAdams e Cillian Murphy na Netflix é um dos mais angustiantes e perturbadores da história do cinema Divulgação / Dreamworks Pictures

Filme com Rachel McAdams e Cillian Murphy na Netflix é um dos mais angustiantes e perturbadores da história do cinema

Um suspense de qualidade consegue explorar o equilíbrio entre a serenidade e a tensão dos seus personagens, extraindo o máximo de cada situação. Quando a narrativa parece calma demais, o espectador experiente sabe que algo perturbador está prestes a acontecer. Da mesma forma, quando os acontecimentos se desenrolam de forma frenética, é papel do diretor intervir sutilmente para garantir que a trama siga seu rumo sem descarrilar.

Essa habilidade de conduzir o espectador por altos e baixos inesperados é o que distingue um filme comum de uma obra-prima, que, com o tempo, se consagra como um exemplo brilhante da maestria de um diretor talentoso. Tal habilidade permite transformar situações aparentemente triviais em momentos memoráveis, consolidando o valor da narrativa.

Wes Craven, em “Voo Noturno”, poderia ter escolhido uma abordagem mais previsível, deixando a história se desenvolver sozinha, sem grandes surpresas. No entanto, Craven opta por manter o controle firme da narrativa, conduzindo o espectador por uma montanha-russa de emoções até o final. Lançado em 2005, o filme evita mortes desnecessárias, preservando a tensão até o clímax. O mérito desse equilíbrio se deve, em grande parte, à atuação precisa de Rachel McAdams.

 Ao longo de sua carreira, McAdams demonstrou uma habilidade singular para capturar as nuances emocionais de seus personagens, destacando o que realmente importa em cenas de alta tensão. Esse talento foi evidente em “Diário de Uma Paixão” e “Meia-Noite em Paris”, e em “Voo Noturno” não é diferente. Sua personagem, Lisa Reisert, é constantemente desafiada a manter a calma enquanto enfrenta o psicopata Jackson Rippner, interpretado por Cillian Murphy. A dinâmica entre McAdams e Murphy é um dos pontos altos do filme, pois ambos evitam os clichês, trazendo frescor a uma trama que poderia facilmente cair na repetição.

Lisa, ao longo do filme, confia em seus instintos e emoções para proteger seu pai, vivido por Brian Cox, de um assassino à espreita. A trama se complica com a introdução de um plano para eliminar o vice-secretário de Segurança Interna dos Estados Unidos, Charles Keefe, que se hospedará no hotel gerenciado por Lisa. A tensão aumenta à medida que Lisa, sem alternativa, se vê obrigada a colaborar com o antagonista de Murphy para evitar uma catástrofe.

Embora “Voo Noturno” tenha seus pontos fracos, como o mistério não resolvido sobre o envolvimento do pai de Lisa e a caracterização um tanto inverossímil de Rippner como terrorista, o filme se destaca pela tensão bem orquestrada e pela química entre os protagonistas. As cenas no avião são um exemplo do talento de Craven em transformar um espaço claustrofóbico em um palco para o suspense, com enquadramentos que ampliam a sensação de liberdade em um ambiente restrito. O ponto alto do filme é, sem dúvida, a relação entre McAdams e Murphy, que consegue sustentar a trama e levar a narrativa a um desfecho satisfatório, evitando exageros e mantendo o público engajado até o fim.


Filme: Voo Noturno
Direção: Wes Craven
Ano: 2005
Gêneros: Thriller
Nota: 8/10