Recentemente, tornou-se cada vez mais comum que pessoas na faixa dos trinta anos ainda residam com os pais, uma tendência que agora inclui também as mulheres, refletindo as mudanças nos padrões de vida e relacionamentos. “Armações do Amor”, uma tradução infeliz para “Failure to Launch” (literalmente “Fracasso no Lançamento”), destaca-se no gênero de comédia romântica, um campo notoriamente instável, capaz de produzir tanto clássicos como “O Casamento do Meu Melhor Amigo” (1997) de P.J. Hogan, quanto filmes menos inspirados como “Nunca Fui Beijada” (1999), dirigido por Raja Gosnell. Este filme, porém, rompe com a ideia de que o gênero estava em declínio após os anos 1990.
Tom Dey, o diretor, aproveita cada aspecto do roteiro de Matt Ember e Tom J. Astle, trazendo à tona a história de um homem mimado, oriundo de uma família abastada, cujos pais, exasperados, contratam uma especialista em métodos inusitados para forçar a saída do filho de casa. Esta terapeuta, especializada em lidar com homens que se recusam a deixar o conforto do lar parental, utiliza abordagens nada convencionais para cumprir sua missão, embora nem sempre com sucesso.
No cerne da narrativa, está a ideia de que o amor verdadeiro exige sacrifício e mudança, implicando a necessidade de abandonar velhos hábitos e confrontar aspectos profundos de si mesmo para alcançar uma transformação genuína. Dois personagens, aparentemente opostos, seguem caminhos que eventualmente se cruzam, oferecendo a possibilidade de um futuro juntos, desde que estejam dispostos a enfrentar as complexidades da vida.
Com Sarah Jessica Parker e Matthew McConaughey liderando o elenco, o filme desafia sua classificação etária de 13 anos, equilibrando momentos de ousadia com um toque de elegância. Quando a relação entre Paula e Tripp parece esquentar demais, a narrativa é suavizada pela intervenção de Kathy Bates, Terry Bradshaw e um elenco jovem que inclui Bradley Cooper, Justin Bartha e Zooey Deschanel. Enquanto a farsa central do filme começa a desmoronar, o público é levado por uma sequência de situações hilárias e inesperadas.
Nesta comédia, que pode muito bem ter o recorde de sorrisos por quadro na história do cinema romântico, há espaço para todo tipo de humor — desde piadas com cães em situações absurdas até referências ao absurdo da vida amorosa. O filme, por fim, nos lembra, com ironia e ternura, que o amor é, em última análise, uma mistura do sublime com o ridículo.
Filme: Armações do Amor
Direção: Tom Dey
Ano: 2006
Gêneros: Comédia/Romance
Nota: 8/10