Bruce Willis, um dos maiores ícones do cinema de ação, conhecido por sua atuação em clássicos como “Duro de Matar”, “Pulp Fiction” e “A Morte lhe Cai Bem”, enfrentou uma reviravolta dramática em sua carreira devido à afasia, uma condição neurológica que compromete suas habilidades de comunicação. Nos últimos anos, sua presença nas telas tem sido cada vez mais esporádica, com participações limitadas que refletem as dificuldades impostas pela doença. No entanto, mesmo com diálogos escassos e aparições breves, Willis continua a tentar manter sua conexão com os fãs, especialmente aqueles que acompanham seus trabalhos mais recentes em plataformas de streaming.
Entre 2021 e 2023, Willis apareceu em 21 filmes, um feito notável para qualquer ator, mas particularmente impressionante considerando suas limitações. Entre essas produções, destaca-se a trilogia “Detective Knight”, dirigida por Edward Drake. Essa série não apenas simboliza uma das últimas colaborações entre o ator e o diretor, mas também marca um ponto crucial em sua carreira, especialmente com o lançamento de “Detective Knight: Vilão”, o primeiro filme da trilogia e o último trabalho de Willis antes de sua aposentadoria.
Em “Detective Knight: Vilão”, Willis assume o papel titular, mas sua atuação é marcadamente limitada. Quem realmente se sobressai é Beau Mirchoff, que interpreta Casey Rhodes, um ex-jogador de futebol americano que se torna o líder de uma gangue. Embora o nome de Willis seja o principal atrativo, a escolha de dar a ele um papel reduzido reflete tanto suas condições de saúde quanto uma tentativa deliberada de preservar sua imagem como estrela de cinema.
O filme, que começa com um assalto a banco que culmina em um tiroteio onde o detetive Fitzgerald, parceiro de Knight, é gravemente ferido, conduz o espectador a uma perseguição por Nova York. A investigação, entretanto, parece mais guiada por coincidências e intuições do que por métodos policiais tradicionais, o que enfraquece a narrativa.
Jimmy Jean-Louis, interpretando Godwin Sango, parceiro de Knight na trama, é outro destaque do filme, trazendo à tela um detetive sagaz e meticuloso. Sua atuação levanta questões sobre por que seu talento não é mais reconhecido no cenário cinematográfico, oferecendo uma das poucas nuances em um filme que, de outra forma, se apoia em clichês e previsibilidades.
O roteiro de “Detective Knight: Vilão”, infelizmente, não sustenta a tensão que se espera de um thriller policial. Embora as atuações de Jean-Louis e Mirchoff sejam sólidas, a narrativa se arrasta em pontos-chave, resultando em uma experiência menos envolvente do que poderia ser.
A tentativa de expandir a trama com a sequência “Detective Knight: Redenção” tem resultados mistos, e o terceiro filme, “Detective Knight: Independência”, falha em manter a intensidade dos anteriores, culminando em um encerramento que decepciona tanto críticos quanto fãs.
A trilogia “Detective Knight”, que começou com a promessa de um último grande projeto para Bruce Willis, termina em um anticlímax, subaproveitando o talento de seus atores e o potencial da série. O verdadeiro pesar, no entanto, reside no fato de que um projeto com tanto potencial não tenha conseguido proporcionar a Willis um encerramento digno para sua brilhante carreira. A jornada de Bruce Willis no cinema, marcada por tantas conquistas, merecia uma despedida à altura de seu legado, algo que “Detective Knight: Vilão” e suas sequências não conseguiram entregar.
Filme: Detective Knight: Vilão
Direção: Edward Drake
Ano: 2022
Gêneros: Ação/Thriller
Nota: 7/10