Últimos dias para assistir na Netflix o maior sucesso da carreira de Steven Spielberg, que levou 300 milhões de pessoas aos cinemas Divulgação / Universal Pictures

Últimos dias para assistir na Netflix o maior sucesso da carreira de Steven Spielberg, que levou 300 milhões de pessoas aos cinemas

A trajetória de Steven Spielberg no cinema é marcada por uma notável habilidade em transformar ideias inusitadas em sucessos de bilheteria. Sua sensibilidade para captar os desejos do público e moldá-los em histórias cativantes o distingue como um dos diretores mais prolíficos e lucrativos da indústria cinematográfica. Spielberg não se limita a uma busca cega por estética ou resultados financeiros; ele habilmente combina esses elementos para criar filmes que, além de entretenimento, tornam-se fenômenos culturais e comerciais.

“Jurassic Park”, lançado em 1993, exemplifica essa habilidade ao unir inovação tecnológica e narrativa para revitalizar o gênero de ficção científica, conquistando audiências globais. Esse filme, o segundo grande sucesso de Spielberg após “Tubarão” (1975), trouxe à vida dinossauros ferozes e descontrolados, criaturas pré-históricas que ameaçam reconquistar seu domínio sobre a Terra, uma ideia que ressoa profundamente com os medos e fascínios humanos.

Adaptado do livro de Michael Crichton e coescrito por David Koepp, o filme mantém a essência das obras de Crichton, embora a série tenha evoluído ao longo do tempo com várias sequências que se distanciaram da visão original. A narrativa complexa de “Jurassic Park” oferece um terreno fértil para diferentes interpretações e enfoques, permitindo o surgimento de múltiplos personagens e histórias. A ilha Nublar, cenário principal, é um dos poucos elementos constantes ao longo das várias adaptações e reinterpretações que o filme gerou ao longo das décadas. A visão original de Spielberg, no entanto, conseguiu preservar a magia e o impacto da história, como evidenciado no filme “Jurassic World” (2015), dirigido por Colin Trevorrow, que recuperou parte do encanto do original.

No centro da trama, está John Hammond, um empreendedor visionário que construiu seu império a partir de um circo de pulgas, e que agora busca desafiar as leis da natureza ao criar um parque temático habitado por dinossauros clonados. A história se desenvolve com a chegada de personagens-chave, como a paleobotânica Ellie Sattler, o arqueólogo Alan Grant, e o matemático Ian Malcolm, todos convocados para avaliar a viabilidade e os riscos do empreendimento.

A interação entre esses personagens e os dinossauros, especialmente na sequência em que encontram uma manada de braquiossauros, oferece uma das cenas mais memoráveis e visualmente impactantes do filme. A beleza e a tristeza dos animais, ressuscitados em um mundo ao qual não pertencem mais, evocam uma reflexão sobre os limites da ciência e as consequências imprevistas de brincar com as forças naturais.

O filme também explora a ambição desmedida e a hubris humana, simbolizada pela clonagem dos dinossauros. A recriação dessas criaturas, realizada através da extração de DNA de um mosquito preservado em âmbar por milhões de anos, levanta questões éticas e filosóficas que permanecem relevantes até hoje. Mesmo com todas as precauções, incluindo a criação de apenas fêmeas para evitar a reprodução, os dinossauros eventualmente fogem ao controle, revelando as falhas inevitáveis de um projeto tão grandioso e perigoso.

À medida que a trama avança, os protagonistas se veem envolvidos em uma luta pela sobrevivência contra as criaturas que ajudaram a trazer de volta à vida. Spielberg utiliza esses momentos de tensão para inserir reflexões filosóficas sobre a natureza e os limites da ciência, temas que, embora comuns hoje, eram inovadores na época do lançamento do filme. A icônica frase “Eu não poupo despesas”, proferida por Hammond, encapsula a visão grandiosa e imprudente do personagem, enquanto o caos que se segue serve como um lembrete de que a natureza, mesmo domesticada pelo homem, sempre encontra uma maneira de se impor.

“Jurassic Park”, na Netflix, não apenas redefiniu o gênero de filmes de aventura e ficção científica, mas também destacou as complexas interações entre progresso tecnológico, ética científica e as forças incontroláveis da natureza. O legado do filme se estende muito além do entretenimento, provocando discussões sobre os limites da ciência e o papel da humanidade no mundo natural.


Filme: Jurassic Park — Parque dos Dinossauros
Direção: Steven Spielberg
Ano: 1993
Gêneros: Ficção científica/Aventura/Terror/Ação
Nota: 9/10