Thriller policial chocante, brutal e realista indicado a 157 prêmios, incluindo 3 Oscars, na Netflix Richard Foreman / Lionsgate

Thriller policial chocante, brutal e realista indicado a 157 prêmios, incluindo 3 Oscars, na Netflix

“Sicario: Terra de Ninguém” é uma obra que não poupa o espectador de sua crueza ao explorar a intrincada rede de violência e corrupção que permeia o narcotráfico. Desde o início, o diretor Denis Villeneuve deixa claro que a narrativa será implacável, sem concessões. A trama, escrita por Taylor Sheridan, começa com uma descoberta chocante: uma casa que esconde dezenas de cadáveres, todos vítimas do mundo implacável do tráfico de drogas.

Estes corpos representam uma variedade de personagens, desde devedores insolventes até policiais incorruptíveis que foram eliminados por não cederem à pressão criminosa. Villeneuve, com sua habitual habilidade, revela essa cena de forma a evidenciar a ausência de escrúpulos que caracteriza os líderes do submundo, que operam sem qualquer código moral em um ambiente onde a lealdade é rara e extremamente valorizada.

Este cenário é o terreno fértil para a explosão de conflitos violentos, onde gangues e forças policiais se enfrentam em pé de igualdade, munidas do armamento adquirido por meio do tráfico de armas. Paralelamente, uma guerra incessante entre facções alimenta a competição por territórios lucrativos, como os pontos de venda de drogas que movimentam cerca de novecentos bilhões de dólares por ano, uma quantia que representa 1,5% do PIB mundial.

A banalidade do mal, frequentemente mascarada por ideologias sofisticadas, assume diversas formas ao redor do mundo, sendo o tráfico de drogas uma das mais evidentes. Este fenômeno afeta desde moradores de bairros periféricos em grandes metrópoles até vilarejos remotos em países subdesenvolvidos, corrompendo autoridades e aliciando jovens vulneráveis, principalmente os de baixa escolaridade, que são atraídos por promessas enganosas de riqueza fácil.

Os “sicários”, termo que originalmente se referia aos zelotes que assassinavam invasores romanos na Judeia, hoje denomina os assassinos de aluguel no México. A protagonista, agente do FBI Kate Macy, interpretada por Emily Blunt, é uma combatente experiente destes criminosos implacáveis. A introdução do filme estabelece Macy como uma figura central na trama, inicialmente parecendo apenas mais uma personagem em um filme de ação focado em personagens masculinos, semelhante a “A Hora Mais Escura” (2012), de Kathryn Bigelow.

Contudo, sua competência no campo lhe garante um lugar em uma força-tarefa destinada a capturar um poderoso traficante de drogas na fronteira entre os Estados Unidos e o México. Com seus colegas Matt e Alejandro, personagens enigmáticos interpretados por Josh Brolin e Benicio Del Toro, respectivamente, Macy começa a desconfiar que há algo profundamente errado na operação à medida que esta vai se desmoronando.

Villeneuve exibe sua maestria ao manter a tensão e o ritmo da narrativa, ao mesmo tempo em que mergulha nas complexidades psicológicas de sua protagonista. Kate Macy, ao longo do filme, é confrontada por dilemas éticos e pessoais que a fazem questionar não apenas a missão, mas também as intenções daqueles ao seu redor.

A reviravolta no enredo, cuidadosamente planejada pelo diretor, é uma prova de sua capacidade de criar uma narrativa onde cada detalhe é intencional, sem espaço para gratuidades. Essa abordagem meticulosa de Villeneuve, combinada com a atuação intensa de Blunt, transforma “Sicario: Terra de Ninguém”, na Netflix, em uma análise profunda do mundo do crime organizado, destacando os limites morais e psicológicos que são testados quando se enfrenta um mal tão enraizado na sociedade.


Filme: Sicario: Terra de Ninguém
Direção: Denis Villeneuve
Ano: 2015
Gêneros: Suspense/Crime
Nota: 9/10