Comédia de ação com Colin Firth e Samuel L. Jackson, na Netflix, é o filme mais visto do mundo na atualidade Divulgação / Twentieth Century Fox

Comédia de ação com Colin Firth e Samuel L. Jackson, na Netflix, é o filme mais visto do mundo na atualidade

Desde 1849, a Kingsman tem servido à humanidade, mesmo com um passado envolto em mistério e controvérsias. Dada essa trajetória, a agência não hesita em adotar métodos pouco convencionais para atingir seus objetivos. Portanto, a ideia de recrutar um novo herói, cuja origem é incerta e cercada de dúvidas, parece algo dentro do esperado, considerando seu histórico.

Matthew Vaughn, em “Kingsman: The Secret Service”, evita desmantelar de uma vez só o brilho glamoroso da franquia, mas opta por dar destaque ao submundo de poderosos gangsters que ameaçam a civilização. Esses antagonistas são inseridos no contexto dos 165 anos de história da Kingsman, uma organização de inteligência que se assemelha a um MI6 ou FBI, porém com um toque de humor mais aguçado.

A adaptação da série de quadrinhos homônima, criada por Vaughn, Mark Millar e Dave Gibbons em 2012, preserva essa essência delirante, combinando o nonsense com uma lógica própria. A harmonia da série é, sem dúvida, fortalecida pela química entre o elenco diversificado, escolhido cuidadosamente para destacar diferentes aspectos da narrativa.

Em 1997, durante mais um conflito no Oriente Médio, a comunidade internacional acredita que o apocalipse é iminente. A Kingsman entra em ação, mas reconhece a necessidade de um reforço adicional, cuja identidade se entrelaça com os cavaleiros do lendário Rei Artur, figura central na defesa da Grã-Bretanha contra invasores saxões entre os séculos V e VI, segundo os romances medievais. As atividades discretas na alfaiataria de Savile Row, em Londres, sede da agência, giram em torno de Harry “Galahad” Hart e Gary “Eggsy” Unwin.

Neste cenário, Colin Firth compartilha o protagonismo com Taron Egerton, que assume o papel de um jovem punk com uma vida familiar conturbada, em conflito com sua mãe e o namorado abusivo dela. Juntos, eles conduzem o enredo, criado por Vaughn, Jane Goldman e Mark Millar, em direção a Valentine, um bilionário excêntrico com um plano de dominação global baseado na invasão dos dispositivos eletrônicos de bilhões de pessoas. Samuel L. Jackson dá vida a Valentine, utilizando mudanças sutis de voz para acentuar a loucura controlada do personagem, que acaba perdendo o controle ao sequestrar a cantora Iggy Azalea.

Vaughn demonstra habilidade ao equilibrar a agressividade de “Kingsman: The Secret Service” com a natureza satírica do filme, evidenciada especialmente quando Firth se transforma em uma versão moderna de Harry Palmer, o espião rival de 007, interpretado por Michael Caine, que também assume um papel relevante na trama. Embora alguns lapsos narrativos entre o início e o fim comprometam a força da história, é inegável que o elenco, do jovem Egerton ao veterano Caine, aproveita ao máximo seus papéis. E o público se diverte junto com eles.


Filme: Kingsman: The Secret Service
Direção: Matthew Vaughn
Ano: 2014
Gêneros: Comédia/Ação 
Nota: 8/10