Um dos melhores suspenses investigativos dos últimos 30 anos, filme com Denzel Washington e Angelina Jolie está na Netflix Divulgação / Columbia Pictures

Um dos melhores suspenses investigativos dos últimos 30 anos, filme com Denzel Washington e Angelina Jolie está na Netflix

A humanidade frequentemente se vê à procura de um salvador, um reflexo tanto de sua desventura quanto de sua possibilidade de redenção. A luta constante contra as fraquezas humanas revela a complexidade de compreender o outro, de oferecer uma palavra de encorajamento ou um sorriso genuíno, sem o temor de parecer insensato. Tal empatia, muitas vezes, exige um sacrifício interior tão grande que se assemelha a uma jornada profunda e transformadora.

Nessa viagem interior, enfrentamos as circunstâncias mais absurdas, que, paradoxalmente, revelam-se como as mais comuns na vida cotidiana. A complexidade da existência humana se manifesta nas inúmeras questões e dilemas que nos envolvem, ocultos sob camadas de desafios que apenas conseguimos superar ao nos conectarmos com o aspecto mais obscuro de nossa essência. É nesse processo de autoexploração que emergimos com uma nova compreensão de nós mesmos e do papel que desempenhamos em nossas vidas, ganhando uma perspectiva mais clara sobre nossa possível importância na vida daqueles ao nosso redor.

Desde cedo, aprendemos que as manifestações do mal nem sempre são tão evidentes quanto imaginamos. O mal pode se apresentar de maneiras inesperadas, muitas vezes em formas surpreendentemente belas, que despertam uma sensibilidade rara e acionam nosso instinto de autopreservação. Esse instinto, que surge de forma quase misteriosa, vai além de ser apenas um mecanismo de proteção; ele se transforma em um guia poderoso, essencial em situações de risco iminente.

“O Colecionador de Ossos” (1999) oferece uma narrativa que pode ser interpretada de diversas maneiras, sempre provocando reflexões interessantes. Phillip Noyce dirige um filme que vai além do comum, repleto de subtramas que exploram as vidas de dois personagens marcados por tragédias, unidos na missão de desvendar um mistério sombrio e intrigante.

O roteiro de Jeremy Iacone centra-se no desenvolvimento dos personagens principais, apostando na força que eles exercem sobre a trama. A conexão entre os protagonistas é tão bem construída que acaba conquistando o público. Não é difícil entender o porquê: os personagens são interpretados por dois dos atores mais queridos de Hollywood, que conseguem transferir seu carisma para os papéis que desempenham, tanto dentro quanto fora das telas.

Denzel Washington e Angelina Jolie demonstram uma química que, à primeira vista, poderia ser inesperada, considerando que nunca haviam trabalhado juntos antes. Washington, já veterano na indústria, e Jolie, que estava em ascensão, embora já fosse conhecida por filmes como “Gia — Fama e Destruição” (1998), de Michael Cristofer, e que se consolidou como atriz em “Garota, Interrompida” (1999), de James Mangold. Washington, como de costume, mergulha profundamente em seu personagem, Lincoln Rhyme, um perito forense que, apesar de estar confinado a um cenário fixo devido a um acidente trágico, se torna o coração da história.

No entanto, quando Jolie entra em cena como Amelia Donaghy, uma patrulheira forçada a trabalhar com Rhyme, a dinâmica muda. Os dois personagens, embora policiais, parecem inicialmente pertencer a mundos diferentes. Noyce gradualmente revela ao espectador os motivos que os unem: Rhyme, um dos peritos forenses mais renomados dos Estados Unidos, é chamado para resolver o crime que dá título ao filme, enquanto Donaghy é retirada de seu posto atual e se vê obrigada a formar uma parceria com esse colega improvável. À medida que a trama avança, a relação entre os dois se estreita, criando uma conexão que vai além do que ambos poderiam prever.

“O Colecionador de Ossos”, na Netflix, não se limita a ser apenas mais um thriller policial; o filme se destaca pela maneira como Noyce constrói as nuances de um romance que nunca se concretiza. A angústia de Rhyme, refletida em seu olhar introspectivo e em sua luta constante com a própria existência, adiciona uma profundidade emocional à narrativa. No final, uma cena de confraternização natalina sugere que, apesar das adversidades, Rhyme e Amelia podem ter encontrado, finalmente, um caminho para a amizade. O sofrimento de Rhyme, assim, chega ao seu fim merecido, encerrando a história com uma nota de esperança.


Filme: O Colecionador de Ossos
Direção: Phillip Noyce
Ano: 1999
Gêneros: Thriller/Drama/Ação
Nota: 8/10