Muito se fala dos grandes lançamentos norte-americanos: filmes de super-herói, filmes do Oscar e até os tradicionais blockbusters. A ideia de que a grama do vizinho é sempre mais verde parece verídica quando percebemos nossa cultura nacional, que possui uma vasta diversidade e riqueza artística, mas, ainda assim, é pouco valorizada.
No cinema, o Brasil costuma ser popularmente conhecido pelas comédias de grande bilheteria como “Minha Mãe é uma Peça” e “Até que a Sorte nos Separe”. Mesmo assim, o Brasil carrega um repertório extenso de diretores, movimentos cinematográficos e atores consagrados de gêneros variados, podendo, além de nos fazer rir, nos encantar, nos emocionar e proporcionar reflexões.
Ana (Marjorie Estiano) é uma mulher rica e misteriosa que contrata Clara (Isabél Zuaa) para ser babá de seu filho, que ainda não nasceu. Cercada por um passado turbulento e com medo do que está por vir, Ana encontra em Clara uma confidente e parceira que lhe ajudará durante os períodos mais assustadores de sua gravidez. De repente, tudo muda quando ela descobre que seu bebê é um lobisomem, e Clara precisará assumir a responsabilidade de cuidar da criança. Numa mistura de terror contemporâneo, drama e musical, “As Boas Maneiras” é um dos melhores filmes de terror nacional.
Em Nova York, há cerca de 30 anos, a jovem Elena foi morar nos Estados Unidos em busca de realizar seu sonho de seguir carreira de atriz. Uma mescla entre documentário, filme de arquivo e filme-ensaio, “Elena”, obra da diretora Petra Costa, mergulha nas memórias de sua falecida irmã mais velha e busca compreender as razões de seu suicídio. Enquanto isso, ela procura se compreender como mulher e se aprofundar nos sentimentos de sua mãe, que vive atormentada por um sentimento de culpa inesgotável.
Interpretada por Regina Casé, a pernambucana Val trabalha como empregada doméstica na casa de uma família rica na cidade de São Paulo, com o objetivo de proporcionar melhores condições para sua filha Jéssica (Camila Márdila). Anos depois, sua filha decide ir até a capital paulista para fazer vestibular e precisa ficar hospedada na casa dos patrões de sua mãe. Durante esse processo, Jéssica entra em contato com as angústias da desigualdade social e percebe que Val renunciou a sua própria família e de sua vida pelo trabalho. Simultaneamente, Val se redescobre como mulher, enquanto identifica as verdadeiras facetas dos moradores da casa.
O longa sensível e delicado de Walter Salles é um dos maiores clássicos do cinema brasileiro e conta a história de Dora (Fernanda Montenegro), uma escritora de cartas que trabalha na Central do Brasil, uma estação de trem localizada no Rio de Janeiro. Lá, ela conhece Josué (Vinícius de Oliveira), um menino que acabou de perder sua mãe e está completamente sozinho. Quando descobre que a única família que ele tem é o pai, eles embarcam juntos numa longa viagem pelo interior do Nordeste, enquanto se conhecem melhor e entendem o verdadeiro significado de família.
Dirigido pelo grandioso Eduardo Coutinho, “Jogo de Cena” é um dos documentários mais prestigiados do cinema brasileiro e conta com um elenco de atrizes gabaritadas, como Andréa Beltrão, Fernanda Torres e Marília Pêra. Neste documentário, Coutinho selecionou algumas mulheres desconhecidas para contar histórias marcantes sobre suas vidas e, enquanto elas narram suas histórias, as atrizes também contam as mesmas histórias, interpretando essas mulheres. Desta forma, Coutinho questiona os limites do cinema e da interpretação e cria um jogo entre realidade e ficção. Sem dúvidas, uma das obras mais brilhantes do cineasta.