Épico com Richard Gere e Sean Connery levou 30 milhões de espectadores aos cinemas e está na Netflix Divulgação / Columbia Pictures

Épico com Richard Gere e Sean Connery levou 30 milhões de espectadores aos cinemas e está na Netflix

“Lancelot, o Primeiro Cavaleiro” é uma obra subestimada que, em seu lançamento em 1995, não recebeu a atenção devida. Isso ocorreu em grande parte porque outros épicos medievais lançados no mesmo ano, como “Coração Valente”, dirigido por Mel Gibson, e “Rob Roy — A Saga de uma Paixão”, de Michael Caton-Jones, capturaram o público com suas narrativas intensas sobre conflitos pelo poder, honra e amores conturbados. Esses filmes eclipsaram a saga de Lancelot, o mais renomado cavaleiro da Távola Redonda, apesar de sua história cativante que explora temas de lealdade, paixão e sacrifício.

O roteiro de David Hoselton, Lorne Cameron e William Nicholson oferece uma interpretação interessante e única do mito, especialmente no que se refere à perspectiva feminina. Inspirado no poema “Lancelote, o Cavaleiro da Carreta” de Chrétien de Troyes, escrito no final do século 12, o filme revisita o lendário romance entre o valente Lancelot e a aristocrática Guinevere, que se vê dividida entre seu dever e seus sentimentos.

Guinevere é a figura central da trama, representando a força feminina em um contexto dominado por homens. Desde jovem, ela sabe que seu destino é casar-se com um rei, mas está profundamente consciente das dificuldades enfrentadas pelos camponeses de Camelot, constantemente ameaçados por invasões e conflitos. Nesse cenário de caos e desordem, Lancelot se destaca como um espadachim habilidoso que, embora ganhe a vida ensinando técnicas de combate aos aldeões, não está imune às turbulências políticas que envolvem o reino.

A trama ganha força com a entrada de Malagant, um príncipe rebelde interpretado por Ben Cross, que ameaça a estabilidade do reino ao atacar os vilarejos e avançar contra o trono de Arthur. É nesse contexto que Guinevere, já noiva do rei, toma a decisão de buscar a ajuda de Lancelot para defender Camelot. A relação entre eles, contudo, torna-se mais complexa, à medida que a proximidade dos dois intensifica um conflito interno em Guinevere, que oscila entre o dever para com seu reino e seus sentimentos pelo cavaleiro.

O visual do filme, com a fotografia de Adam Greenberg capturando os verdes campos de Albion, serve de pano de fundo para a fuga de Guinevere e Lancelot, um momento marcado pela tensão emocional e pela moralidade em jogo. O desenlace da história desafia o público, que se vê dividido entre a torcida por um final feliz para os amantes e a compreensão das complexas lealdades envolvidas.

A química entre Julia Ormond e Richard Gere, que interpretam Guinevere e Lancelot, respectivamente, é um dos pontos altos do filme, trazendo uma autenticidade necessária aos papéis. Já Sean Connery, no papel do rei Arthur, exala a autoridade e a benevolência que o personagem demanda, especialmente ao lidar com a traição sem recorrer à vingança.

Embora não tenha recebido o devido reconhecimento na época, “Lancelot, o Primeiro Cavaleiro”, na Netflix, permanece uma história relevante, explorando dilemas morais e emocionais que ainda ressoam nos dias de hoje.


Filme: Lancelot, o Primeiro Cavaleiro
Direção: Jerry Zucker
Ano: 1995
Gêneros: Aventura/Romance
Nota: 8/10