Indicado a 66 prêmios, incluindo 3 Oscars, o filme que vai te fazer ficar em casa no domingo está na Netflix Divulgação / Sony Pictures

Indicado a 66 prêmios, incluindo 3 Oscars, o filme que vai te fazer ficar em casa no domingo está na Netflix

No filme “Em Ritmo de Fuga”, a música desempenha um papel central, moldando a experiência tanto visual quanto auditiva. O diretor de fotografia Bill Pope descreve a obra como um musical pós-moderno, onde cada cena é cuidadosamente orquestrada para se sincronizar com a trilha sonora. A trama gira em torno de Baby (Ansel Elgort), um jovem e habilidoso motorista que trabalha para uma organização criminosa especializada em assaltos a bancos. Contudo, sua verdadeira destreza ao volante se revela quando ele coloca os fones de ouvido e dá play em seu iPod, onde a música não apenas o acompanha, mas impulsiona suas ações.

A trilha sonora é uma coleção meticulosamente selecionada, incluindo clássicos como “Never, Never Gonna Give Ya Up” de Barry White, “Cry Baby Cry” dos Beatles e “Easy” dos Commodores. As cenas do filme são coreografadas para se alinharem perfeitamente com essas músicas, resultando em uma dança harmoniosa entre os personagens, os cortes de cena, a velocidade dos carros e até os menores detalhes, como o fechar de uma porta. Essa fusão de elementos eleva a produção, proporcionando ao espectador uma imersão completa, onde imagem e som se complementam de maneira singular.

Ansel Elgort interpreta um Baby introspectivo e um tanto reservado, preso em um ciclo de criminalidade por conta de uma dívida com seu chefe, Doc (Kevin Spacey). Baby evita ao máximo interações sociais, encontrando na direção uma forma de se conectar com o mundo exterior. Sua vida, no entanto, ganha uma nova perspectiva quando ele conhece Debora (Lily James), por quem se apaixona. Além de ser um exímio motorista, Baby tem uma habilidade peculiar: ele mixa gravações de conversas com suas músicas preferidas, criando uma espécie de diálogo interno que o ajuda a enfrentar as adversidades diárias.

A paixão de Baby pela música tem raízes profundas em um trauma de infância: um acidente de carro que lhe causou um zumbido persistente nos ouvidos. A música, nesse contexto, serve como uma espécie de anestésico para abafar esse ruído constante, simbolizando como a arte pode ser uma válvula de escape para lidar com dores emocionais, culpas e traumas, tornando a vida mais suportável.

O filme se destaca também pelas cenas de ação cuidadosamente elaboradas, que evitam o uso excessivo de CGI, trazendo uma sensação de realismo e proximidade ao espectador. Em vez de seguir o caminho dos grandes blockbusters, “Em Ritmo de Fuga” preserva a essência do cinema, apostando em uma abordagem mais autêntica e menos extravagante.

A produção lembra ao público que o cinema, em sua forma mais pura, é uma combinação de diversão, arte e fantasia. Sem a pretensão dos grandes sucessos de bilheteria ou o peso de uma narrativa intelectualizada, o filme conquista por sua simplicidade e genialidade em proporcionar uma experiência agradável. Disponível na Netflix, “Em Ritmo de Fuga” é uma obra que equilibra entretenimento e profundidade, sem jamais se tornar cansativa ou exagerada.

O reconhecimento do filme foi evidenciado por suas indicações ao Oscar em três categorias técnicas: montagem, edição de som e mixagem de som. Embora não tenha levado os prêmios, perdeu para a forte concorrência de “Dunkirk”, o que de forma alguma diminui a qualidade e o impacto do trabalho realizado.


Filme: Em Ritmo de Fuga
Direção: Edgar Wright
Ano: 2017
Gênero: Ação / Musical
Nota: 10 /10