Indicado a 113 prêmios, incluindo 3 Oscars, adaptação de obra literária de Elena Ferrante está na Netfix Divulgação / Netflix

Indicado a 113 prêmios, incluindo 3 Oscars, adaptação de obra literária de Elena Ferrante está na Netfix

Inspirado na obra de Elena Ferrante, “A Filha Perdida” marca o início da carreira de Maggie Gyllenhaal como diretora. Além de dirigir, ela também assina o roteiro deste filme, que conta com Olivia Colman, vencedora do Oscar de Melhor Atriz por “A Favorita”, no papel principal. Colman interpreta Leda, uma mulher que decide tirar férias em uma pequena ilha na Grécia. Durante sua estadia, ela cruza com uma família de Nova York que está de férias no local. Entre eles, destaca-se Nina, vivida por Dakota Johnson, uma jovem mãe que, em um dia de praia, perde sua filha pequena. A busca pela criança mobiliza toda a ilha, até que Leda a encontra e a devolve à mãe.

O filme faz uso intenso de closes que capturam o constante intercâmbio de olhares entre Leda e Nina, sugerindo uma conexão íntima entre as duas, apesar de não se conhecerem previamente. As duas personagens, embora de idades diferentes, parecem reconhecer uma na outra uma dor comum: a experiência da maternidade como uma fonte persistente de sofrimento.

“A Filha Perdida” explora o encontro de duas mulheres que, ao se tornarem mães, perderam algo essencial de si mesmas. Não é apenas uma criança que se perde, mas a própria identidade da mulher, que vê aspectos fundamentais de sua vida — como sexualidade, carreira, autonomia e controle sobre seu corpo — se transformarem. A maternidade exige uma disponibilidade constante e irreversível, tornando a mulher quase uma extensão de seus filhos. E esse processo não é sem custo; paz interior, liberdade e a própria individualidade são frequentemente sacrificados.

O filme questiona o mito do instinto materno infalível e do amor incondicional. Nem Leda nem Nina se enquadram no estereótipo da “boa mãe” tradicional, mas, paradoxalmente, representam uma experiência comum a muitas mulheres. A maioria das mães não se encaixa na imagem idealizada de paciência infinita e devoção total. O filme retrata uma realidade onde muitas mães se sentem exaustas, ansiando por um tempo para si mesmas, seja para perseguir seus sonhos, investir na carreira, estudar ou simplesmente desfrutar de momentos de lazer.

A atuação de Olivia Colman eleva o filme a outro nível, com uma interpretação que transborda angústia e intensidade. Ela conduz as emoções do espectador com maestria, criando uma atmosfera carregada de tensão e expectativa. A sensação de uma tragédia iminente permeia a narrativa, deixando o público à beira de um colapso emocional.

“A Filha Perdida”, na Netflix, é um filme que ressoa de maneiras diferentes em cada espectador, dependendo de suas experiências pessoais e familiares. Para alguns, pode ser um desencadeador de emoções profundas; para outros, uma espécie de catarse. E, embora possa passar despercebido por muitos, para as mães, o filme oferece uma representação poética, sensível e honesta das complexidades e feridas que acompanham a maternidade.


Filme: A Filha Perdida
Direção: MAggie Gyllenhaal
Ano: 2021
Gênero: Drama
Nota: 9