“O Livro de Eli”, na Netflix, é um filme de cenas impactantes, incluindo uma em particular onde o protagonista, interpretado por Denzel Washington, revela uma profundidade emocional impressionante. Washington, com uma atuação cativante, encarna um personagem que carrega o peso de uma missão enigmática, imerso em um cenário brutal e desolado. A estreia dos irmãos Albert e Allen Hughes como diretores reforça sua capacidade de equilibrar uma narrativa visualmente rica com uma história envolvente, escrita por Gary Whitta.
O filme convida o espectador a refletir sobre a própria existência, suscitando emoções profundas ao longo de seu desenvolvimento. A narrativa, inicialmente de difícil compreensão, gradualmente se revela, trazendo à tona questões sobre escolhas, arrependimentos e a busca por um propósito maior.
A trama segue Eli, um viajante solitário em uma América devastada por conflitos e catástrofes que deixaram a sociedade em ruínas. Em um mundo onde a luta por recursos básicos como comida e água é constante, Eli se torna uma figura enigmática, movido por uma missão misteriosa que o leva a atravessar paisagens desoladas e perigosas. Apesar de não ser o herói típico, sua jornada é marcada pela determinação em seguir um caminho que ele próprio não entende completamente, mas que sente ser crucial.
Eli carrega consigo um livro, protegido com extremo cuidado, que representa sua única ligação com o passado e sua esperança para o futuro. Este livro, que ele guarda com tanto zelo, é a última peça de um quebra-cabeça que pode ser a chave para a sobrevivência da humanidade. Eli está disposto a enfrentar qualquer adversidade para proteger esse tesouro, confrontando inimigos que tentam detê-lo a qualquer custo.
A cada encontro, Eli demonstra uma habilidade impressionante para se defender, utilizando uma faca afiada como sua principal arma, enquanto ocasionalmente enfrenta oponentes armados com pistolas e rifles. As cenas de ação são intensas e brutais, mas também revelam a fragilidade e a vulnerabilidade do protagonista. Ele é um sobrevivente em um mundo sem lei, onde gangues e saqueadores impõem sua própria forma de justiça.
A cinematografia, dirigida por Don Burgess, utiliza uma paleta de cores que vai do marrom ao cinza, criando uma atmosfera sombria que reflete a desesperança do cenário pós-apocalíptico. A comparação com “Mad Max” é inevitável, mas “O Livro de Eli” consegue estabelecer uma identidade própria, em parte graças à interpretação de Washington e à visão única dos irmãos Hughes.
No decorrer da história, Eli enfrenta não apenas adversários físicos, mas também tentações e desafios morais, personificados por Carnegie, interpretado por Gary Oldman, que tenta, sem sucesso, desviar Eli de seu caminho. Solara, vivida por Mila Kunis, e sua mãe Claudia, interpretada por Jennifer Beals, oferecem a Eli um apoio moral, embora a participação de Beals passe despercebida em alguns momentos.
Albert e Allen Hughes conduzem a narrativa para um desfecho que mantém a integridade da atmosfera distópica do filme, criando uma história que, embora fundamentada em temas familiares, se destaca por sua execução e profundidade. A obra é uma metáfora poderosa sobre a fé na humanidade e na capacidade de alguns indivíduos de resistir à tentação e à corrupção, mantendo viva a esperança em tempos de desespero.
Livro: O Livro de Eli
Direção: Albert e Allen Hughes
Ano: 2010
Gênero: Ação/Aventura
Nota: 9/10