Última semana na Netflix: o filme que faturou 9 bilhões e foi assistido por 200 milhões de pessoas desde seu lançamento em 2022 Divulgação / Paramount Pictures

Última semana na Netflix: o filme que faturou 9 bilhões e foi assistido por 200 milhões de pessoas desde seu lançamento em 2022

Não há como escapar: chega um momento em que um clássico do cinema revive o entusiasmo por novidades, por mais paradoxal que pareça. Recebido com entusiasmo, “Top Gun: Maverick” faz jus a cada centavo dos 170 milhões de dólares investidos pela produção liderada por Christopher McQuarrie e Tom Cruise ao longo de mais de três anos. A direção de Joseph Kosinski revela algumas similaridades felizes com o trabalho de Tony Scott (1944-2012) em “Top Gun — Ases Indomáveis” (1986), tanto na frente quanto por trás das câmeras.

Assim como em 1986, Cruise encarna grande parte do carisma mítico do filme de Kosinski. Com uma pitada de Ethan Hunt, Pete Mitchell é mais uma demonstração do talento versátil de seu intérprete, agora consolidado como uma das marcas mais sólidas e lucrativas de Hollywood. Dominando máquinas cujo valor cobre o orçamento total, em “Maverick”, o destemido sexagenário do cinema encanta tanto homens quanto mulheres, de diversas maneiras.

No roteiro de Jim Cash, Peter Craig e Jack Epps Jr., o espirituoso Mitchell, mais conhecido pelo codinome que dá nome à sequência, aceita novamente o desafio de testar um dos F/A-18 da frota da Marinha americana. Sua missão é alcançar um número mágico que determina a pressão sobre a velocidade e, principalmente, mantê-la, um feito que nem mesmo os pilotos mais experientes conseguiram. Ninguém duvidava que ele conseguiria cumprir a primeira metade dessa missão quase impossível.

Porém, conter seu gosto por desafiar limites é pedir demais. Maverick vai além do autorizado por seus superiores, falha gravemente, quase se desintegra devido à rarefação do ar e retorna com a aeronave destruída. Como castigo, ele é enviado de volta à escola de formação de novos pilotos de caça, a Top Gun, criada para treinar o 1% dos aspirantes mais talentosos.

Antes da primeira aula, o diretor dedica bons quinze minutos às cenas em que Maverick aparece como um astronauta perdido em uma lanchonete de uma cidadezinha no centro-oeste dos Estados Unidos, invadindo um território ainda mais hostil: o bar onde os novatos se exibem e se vangloriam, praticando toda a irreverência que a vida militar reprova.

As mulheres têm um papel de destaque na trama, como já visto no primeiro filme. Penny Benjamin, a proprietária do estabelecimento interpretada pela sempre encantadora Jennifer Connelly, é uma velha amiga de Maverick, e o diálogo entre os dois oferece um necessário alívio cômico, com potencial romântico.

Como novo instrutor da Top Gun, o enredo toca em memórias remotas do público, prontas para serem reacendidas. A interação com os jovens pilotos torna Cruise especialmente magnético, e Kosinski utiliza essa conexão para revisitar o conflito principal de “Top Gun — Ases Indomáveis”, a morte de Goose, o cadete vivido por Anthony Edwards. Rooster, filho de Goose, é um dos alunos da nova turma de Maverick, e a subtrama protagonizada por Miles Teller e Cruise realmente justifica os 130 minutos de filme. Para quem não é fã das extravagâncias dos anos 1980, como marmanjos jogando vôlei de areia em uma sequência peculiar, repetida aqui, essa é a principal atração.


Filme: Top Gun: Maverick
Direção: Joseph Kosinski
Ano: 2022
Gêneros: Ação/Thriller
Nota: 8/10 de