Últimos dias para assistir ao maior sucesso de bilheteria da carreira de Tom Cruise, na Netflix Scott Garfield / Paramount Pictures

Últimos dias para assistir ao maior sucesso de bilheteria da carreira de Tom Cruise, na Netflix

Em certos momentos, antigos sucessos cinematográficos ressurgem com um vigor inesperado, reacendendo o entusiasmo mesmo após décadas. “Top Gun: Maverick”, na Netflix, é um exemplo perfeito desse fenômeno, justificando cada centavo dos 170 milhões de dólares investidos na sua produção, liderada por Christopher McQuarrie e Tom Cruise ao longo de mais de três anos. Sob a direção de Joseph Kosinski, o filme traz elementos que remetem ao trabalho de Tony Scott (1944-2012) em “Top Gun — Ases Indomáveis” (1986), ao reunir talentos tanto na frente quanto atrás das câmeras.

Assim como em 1986, Tom Cruise encarna boa parte da essência mítica do filme de Kosinski. Pete Mitchell, uma das personas mais icônicas do ator, se consolida como um dos símbolos mais duradouros e lucrativos de Hollywood. Em “Maverick”, o veterano intrépido do cinema, agora na casa dos sessenta, continua a cativar o público, independentemente do gênero.

No roteiro elaborado por Jim Cash, Peter Craig e Jack Epps Jr., o irreverente Mitchell, conhecido pelo codinome que intitula a sequência, é novamente convocado para testar um dos caças F/A-18 da Marinha americana. Ele precisa atingir e manter um marco crucial de pressão e velocidade, um feito que poucos, mesmo os pilotos mais experientes, conseguiram realizar. Todos sabiam que ele era o homem certo para essa missão desafiadora.

No entanto, pedir que Maverick renuncie ao seu desejo constante de se desafiar e ir além dos limites é praticamente impossível. Em sua tentativa de ultrapassar as expectativas, ele acaba falhando, quase se desintegrando devido à rarefação do ar, e retorna com a aeronave em ruínas. Como consequência, ele é designado para voltar à escola de elite para pilotos de caça, a Top Gun, que foi criada para treinar apenas os 1% mais talentosos dos aspirantes. Antes de assumir suas novas funções, o filme dedica uma boa parte do tempo a mostrar Maverick como um forasteiro em uma pequena cidade do centro-oeste dos EUA, onde invade o território dos jovens recrutas que exibem a leviandade que a vida militar tanto despreza.

As personagens femininas desempenham um papel significativo na trama, como visto no filme original. Penny Benjamin, interpretada pela talentosa Jennifer Connelly, é uma amiga de longa data de Maverick, e a interação entre os dois adiciona um toque cômico ao filme, com um potencial subtexto romântico.

Ao assumir o posto de instrutor na Top Gun, a narrativa explora memórias latentes do público, prontas para serem reavivadas. A dinâmica entre Maverick e os jovens recrutas destaca ainda mais o magnetismo de Cruise, e Kosinski utiliza essa conexão para retornar ao conflito central de “Top Gun — Ases Indomáveis”, a morte de Goose, personagem vivido por Anthony Edwards.

Rooster, o filho de Goose, é agora um dos alunos sob a tutela de Maverick e a relação entre Miles Teller, que interpreta Rooster, e Cruise, forma uma subtrama envolvente que justifica plenamente os 130 minutos do filme. Mesmo para aqueles que não são fãs do estilo dos anos 1980, há muito o que apreciar, exceto, talvez, por uma sequência peculiar de vôlei de areia que é relembrada e replicada aqui.


Filme: Top Gun: Maverick
Direção: Joseph Kosinski
Ano: 2022
Gêneros: Ação/Thriller
Nota: 8/10