Último dia na Netflix: o filme com Marion Cotillard que separou Angelina Jolie e Brad Pitt Divulgação / Paramount Pictures

Último dia na Netflix: o filme com Marion Cotillard que separou Angelina Jolie e Brad Pitt

A maneira como o cinema retrata romances em meio a conflitos é sempre fascinante. “Aliados” oferece uma perspectiva única, contrastando com a abordagem clássica de “Casablanca” (1942). O filme de Michael Curtiz é um marco do cinema, mesclando romance e drama durante a Segunda Guerra Mundial. Enquanto isso, “…E o Vento Levou” (1939) de Victor Fleming opta por um tom sentimental, destacando o turbulento relacionamento entre Scarlet O’Hara e Rhett K. Butler, personagens imortalizados por Vivien Leigh e Clark Gable. Apesar das críticas, o filme continua a cativar audiências, demonstrando o poder duradouro de histórias bem contadas.

Nos dias atuais, o ritmo frenético da vida moderna muitas vezes impede a apreciação dessas narrativas complexas. Em um mundo que valoriza a eficiência e o consumo rápido, revisitar essas histórias é um respiro bem-vindo, convidando o público a reflexões mais profundas, frequentemente evitadas por sua natureza desconfortável.

“Aliados”, dirigido por Robert Zemeckis, é uma brilhante homenagem ao gênero, apresentando um roteiro de Steven Knight que evita os clichês comuns. A obra destaca-se entre produções contemporâneas que muitas vezes parecem fechadas em suas ideias. A semelhança com “Bastardos Inglórios” (2009) de Quentin Tarantino vai além da superfície, com Brad Pitt atuando em ambas as tramas. No entanto, “Aliados” conta com a presença da talentosa Marion Cotillard, substituindo Mélanie Laurent e trazendo uma consistência admirável ao papel de protagonista.

Steven Knight apresenta uma narrativa inovadora, semelhante à de “Bastardos Inglórios”, apesar de afirmar que a história se baseia em eventos reais. A escolha de Cotillard para o papel principal é acertada, com sua atuação sendo, sem dúvida, excepcional.

Em “Aliados”, ambientado em 1942, ano em que se passa “Casablanca”, o oficial de inteligência canadense Max Vatan, interpretado por Pitt, inicia sua missão ao saltar de paraquedas no Marrocos. Ele se une a Marianne Beausejour, uma espiã da Resistência Francesa interpretada por Cotillard, para assassinar um Embaixador alemão. Enquanto fingem ser casados, eles atraem a atenção de um oficial em um café, aumentando a tensão e credibilidade de sua farsa. O enredo avança um ano; Vatan e Beausejour se apaixonam genuinamente e se estabelecem em Londres.

Entretanto, o passado sombrio de Beausejour e coincidências inquietantes começam a levantar suspeitas entre os Aliados, que lutam contra o avanço de Hitler. Eles acreditam que ela possa ser uma agente dupla, transmitindo informações ao inimigo. Vatan enfrenta o dilema de descobrir a verdadeira lealdade de sua esposa, sabendo que, se suas suspeitas forem confirmadas, ele terá que fazer uma escolha dolorosa.

Zemeckis demonstra habilidade em utilizar a técnica cinematográfica para aumentar a experiência visual. Em “Aliados”, ele colabora com o diretor de fotografia Don Burgess para criar cenas que variam entre o brilho do romance e a escuridão do suspense. Os momentos de calma são retratados com planos amplos e luminosos, enquanto o perigo é evidenciado por tons sombrios e enquadramentos claustrofóbicos.

O diretor também extrai o melhor do elenco, com Cotillard se destacando mais uma vez. O resultado é um tributo autêntico a um dos gêneros mais prestigiados do cinema, ampliando o impacto e a relevância do filme na atualidade.


Filme: Aliados
Direção: Robert Zemeckis
Ano: 2016
Gêneros: Guerra/Drama/Romance
Nota: 9/10