Com “Resident Evil: A Vingança” o survival horror tem um representante à altura dos anseios do público que consome jogos eletrônicos cujo eixo narrativo se move em torno de pestes misteriosas, criaturas demoníacas e heróis atormentados. Depois de terminada a franquia com atores de carne e osso, Takanori Tsujimoto estica a corda e oferece ao espectador uma animação em 3D dos filmes de Paul W.S. Anderson que não deixa nada a desejar quanto ao caos e um certo tom apocalíptico que viraram marca registrada da série, especialmente no que toca a “Resident Evil6: O Capítulo Final”, alegoria sobre um planeta prestes a fenecer, onde os poucos milhares de sobreviventes sonham com a distribuição de um antivírus milagroso desenvolvido pela Umbrella Corporation contra a pandemia de T-vírus. Conforme o roteiro de Tokuro Fujiwara, Makoto Fukamie Hanchen Lin toma corpo, tem-se a certeza de que a vida em Raccoon City conseguiu piorar um pouco mais.
O capitão Chris Redfield invade uma mansão que olhos acostumados ao videogame do PlayStation reconhecem logo, e Tsujimoto não tem nenhum pejo em assumir que seu trabalho é agradar primeiro àqueles que têm intimidade com os botões dos consoles. À frente das STARS, a Unidade de Operações Especiais da Aliança de Segurança e Avaliação em Bioterrorismo, a BSAA, Redfield é informado acerca de um nova ameaça, o A-vírus, muito mais potente que o anterior por ser capaz de transformar em zumbis que se alimentam de sangue os que têm a má sorte de serem contaminados.
O diretor recorre a um flashback perturbadoramente realista para esclarecer a aura cinzenta do longa, e mostra Glenn Arias, um cientista mundialmente famoso por suas pesquisas com armas biológicas, como o único a ter sobrevivido a um ataque aéreo no dia de seu casamento — depois da tragédia, ele parece ter uma desenvolvido uma fixação por fazer os mortos ressuscitarem, e mantém o braço carbonizado da noiva como uma espécie de relíquia, que o lembra do compromisso com este seu propósito. Aos poucos, o A-vírus atesta que pode mesmo despertar o instinto animalesco e impiedosamente destrutivo dos seres humanos, e dessa forma, Arias, seu criador, há de concluir sua obra.
Kevin Dorman e John DeMita levam o filme em banho-maria até que Tsujimotoresolve incluir na trama Rebecca Chambers, a ex-integrante das STARS que chefia uma bateria de experimentos que visam a descobrir um antídoto para o A-vírus. Erin Cahill empresta a voz e o carisma a Rebecca, contornando a previsibilidade de uma brincadeira de mais de duas décadas, mas que ainda seduz os garotos de antanho. Essa nostalgia embala os fãs, mantém girando a roda da indústria do entretenimento e conhece seus limites. Neste caso é o bastante.
Filme: Resident Evil: A Vingança
Direção: Takanori Tsujimoto
Ano: 2017
Gêneros: Terror/Ação
Nota: 7/10