Hilário, romântico e comovente, último filme da trilogia de Oslo está no Prime Video e vale cada segundo do seu tempo Divulgação / Oslo Pictures

Hilário, romântico e comovente, último filme da trilogia de Oslo está no Prime Video e vale cada segundo do seu tempo

Para aqueles que não possuem a resiliência como uma característica inata, uma busca urgente por esse traço torna-se essencial. Resiliência, uma propriedade aplicada aos seres humanos, define nossa capacidade de resistir aos choques da vida. Todos têm o direito de cometer seus próprios erros, desde que não prejudiquem os outros. Esse princípio é seguido com fervor por Julie, a figura central do filme “A Pior Pessoa do Mundo”, cuja presença é tanto luminosa quanto sombria ao longo de mais de duas horas.

Julie, a quase protagonista do filme de Joachim Trier, exibe uma liberdade que, embora possa parecer maliciosa, é tão espontânea que se torna fascinante. Essa dualidade é uma característica que cativa e derrete até os corações mais duros. Trier, um mestre em criar personagens femininas complexas, tem um estilo que lembra Lars von Trier, mas com uma marca própria que já se estabeleceu.

Em 2006, Trier lançou a Trilogia de Oslo com “Começar de Novo”. Cinco anos depois, ele lançou “Oslo, 31 de Agosto”, um remake de “Trinta Anos Esta Noite” de Louis Malle, explorando os desejos secretos e as loucuras de personalidades brilhantes. “A Pior Pessoa do Mundo” encerra essa trilogia, solidificando a reputação de Trier como um romântico lúcido.

A trama acompanha Julie, que fuma em um terraço com vista para o rio Akerselva, enquanto seu namorado, Aksel, recebe convidados no lançamento de seu gibi. Trier e Eskil Vogt, seu colaborador frequente, estruturam o filme em um prólogo e doze capítulos, explorando a relação de Julie e Aksel. Renate Reinsve, a atriz principal, está presente em todas as cenas, mantendo a tensão e o interesse do público.

A narrativa do filme destaca a constância da personalidade de Julie, sugerindo que seus amantes falham em reconhecê-la. À medida que o filme avança, fica claro que Julie não está em conflito com Aksel, mas com as expectativas que a sociedade impõe sobre ela. Prestes a completar trinta anos, ela enfrenta dilemas sobre sua carreira e identidade, refletidos na belíssima fotografia de Kasper Tuxen.

A escolha de Julie sobre sua carreira é mediada por uma narradora feminina, um ponto-chave para entender a intenção de Trier. No entanto, o núcleo da história é a relação íntima de Julie com Aksel, onde Anders Danielsen Lie entrega uma performance comovente, desvendando as camadas de um homem frágil e dependente.

O caso de Julie com Eivind, um desconhecido que ela encontra em uma festa de casamento, inicialmente parece uma distração. No entanto, à medida que a história se desenvolve, essa relação se torna central. Herbert Nordrum oferece uma atuação cheia de nuances, destacando a fragilidade moral de seu personagem. No desfecho, duas revelações reaproximam Julie de Aksel, mas fica claro que sua felicidade só poderia vir de sua própria independência.


Filme: A Pior Pessoa do Mundo
Direção: Joachim Trier
Ano: 2021
Gêneros: Romance/Comédia/Coming-of-age
Nota: 9/10