Summertime: da ópera a Lana Del Rey, o apelo universal de uma canção

Summertime: da ópera a Lana Del Rey, o apelo universal de uma canção

O compositor estadunidense George Gershwin é um perfeito exemplo de versatilidade. Um daqueles raros artistas que se aventurou em diferentes gêneros musicais e deixou sua marca em todos eles. Escreveu música de concerto, jazz, canções populares, música para teatro e para o cinema e, por vezes, combinava um ou mais estilos dentro da mesma obra. Este é o caso de sua ópera “Porgy and Bess”, obra que utiliza técnicas orquestrais europeias, principalmente da música francesa do início do século 20, com fortes influências da música folclórica e do jazz.

“Porgy and Bess” é baseada no romance “Porgy” do escritor DuBose Heyward, que também escreveu o libreto da ópera. A história gira em torno da dura vida de uma comunidade afro-americana no estado da Carolina do Sul durante a década de 1920. Os personagens principais são o mendigo Porgy e sua amada Bess. A ópera estreou em Boston no ano de 1935.

Algumas árias se destacaram da obra e foram lançadas em formato de canção isolada. Dentre esses trechos está aquela que é considerada uma das músicas mais regravadas da história mundial, com mais de 25 mil versões em diversos arranjos e estilos: “Summertime”. Além de George Gershwin e DuBose Heyward, o irmão mais velho de George, Ira Gershwin, é creditado como coautor da letra.

Segundo o próprio Gershwin, ele se inspirou numa cantiga de ninar ucraniana, além de evocar o estilo musical dos trabalhadores afro-americanos do sudeste dos Estados Unidos.

“Summertime” tem mostrado seu apelo universal ao longo de seus quase 90 anos de existência e tornou-se uma peça de destaque do repertório de instrumentistas e cantores de jazz de várias épocas, tendo também sido executada por grupos e cantores do rock e da música pop.

Eu escolhi oito versões, dentre milhares existentes, numa tentativa de resumir a versatilidade e a diversidade de leituras possíveis desse clássico universal:

1 — A versão original da ópera com a soprano Kathleen Battle e a Orquestra de St. Luke, sob regência de André Previn;

2 — O jazz vocal de Ella Fitzgerald e Louis Armstrong;

3 — O jazz instrumental de Miles Davis com a orquestra de Gil Evans;

4 — O soul de Sam Cooke;

5 — O blues de Janis Joplin com a Big Brother & The Holding Company;

6 — O rock psicodélico dos Zombies;

7 — A versão com tempero brasileiro de Rosinha de Valença;

8 — O pop contemporâneo de Lana Del Rey.