Novo filme de Guy Ritchie, com Henry Cavill, no Prime Video, é o mais assistido do mundo pela segunda semana Divulgação / Lionsgate Films

Novo filme de Guy Ritchie, com Henry Cavill, no Prime Video, é o mais assistido do mundo pela segunda semana

A Segunda Guerra Mundial (1939-1945) continua a ser um vasto repositório de histórias e eventos que nunca deixam de surpreender. Com cada nova análise, surgem histórias repletas de detalhes macabros, mas também com toques curiosos sobre os antagonistas e, principalmente, os protagonistas que se destacaram nesse período conturbado. O filme “Guerra sem Regras” exemplifica como diferentes interpretações podem enriquecer um mesmo evento histórico, desta vez sob a direção de Guy Ritchie.

No roteiro de Ritchie, que também conta com as contribuições de Arash Amel, Eric Johnson e Paul Tamasy, encontramos um relato envolvente e cheio de reviravoltas. Essa narrativa é inspirada nos argumentos do ex-repórter de guerra britânico Damien Lewis em seu livro “Churchill’s Secret Warriors: The Explosive True Story of the Special Forces Desperadoes of World War II” (“Guerreiros secretos de Churchill: a explosiva história real dos desesperados das Forças Especiais da Segunda Guerra Mundial”, em tradução livre) publicado em 2014. O filme também faz alusão ao trabalho de Giles Milton, “The Ministry of Ungentlemanly Warfare — Churchill’s Mavericks: Plotting Hitler’s Defeat” (“O ministério da Guerra descortês — os rebeldes de Churchill: tramando a derrota de Hitler”), lançado em 2015.

Para aproveitar plenamente o filme, o espectador deve aceitar a licença poética adotada por Ritchie e sua equipe, onde, em janeiro de 1942, a narrativa ignora o ataque a Pearl Harbor, ocorrido em 7 de dezembro de 1941. O Winston Churchill de Rory Kinnear expressa frustração pela não participação dos Estados Unidos na guerra, e exigir precisão histórica seria uma perda de tempo, dada a natureza da trama.

Logo no início, vemos Churchill transmitindo uma mensagem via rádio para um grupo de assassinos liderado por Gus March-Phillips (1908-1942), um oficial da reserva britânica. March-Phillips, agora em uma missão implacável contra os nazistas, é acompanhado por Freddy Alvarez, especialista em explosivos interpretado por Henry Golding; Anders Lassen (1920-1945), um sueco especialista em combate corpo a corpo vivido por Alan Richson; e Geoffrey Appleyard (1916-1943), interpretado por Alex Pettyfer, cuja descrição sinistra adiciona profundidade ao personagem. Juntos, eles partem para Fernando Pó (atualmente Bioko), uma ilha no Golfo da Guiné, para destruir um navio carregado de suprimentos para os submarinos alemães. Para garantir o sucesso da missão, eles contam também com Marjorie Stewart (1919-2012), uma espiã judia que sofreu perdas pessoais com o regime nazista, e Richard Heron, um nigeriano que se disfarça como dono de um bar-cassino na ilha.

O enredo, claramente, não se propõe a ser uma narrativa séria, e isso fica evidente. Apesar disso, o grupo liderado por March-Phillips, interpretado por um Henry Cavill excepcionalmente comprometido, disputa a atenção do público com as personagens de Eiza Gonzalez e Babs Olusanmokun. À medida que “Guerra sem Regras” flerta com referências como “Bastardos Inglórios” (2009), dirigido por Quentin Tarantino, ou mesmo “Os Doze Condenados” (1967), dirigido por Robert Aldrich, Ritchie decide surpreender mais uma vez. Ele coloca Stewart e o general nazista interpretado por Til Schweiger cantando juntos “The Threepenny Opera” (1928), a famosa “A Ópera dos Três Vinténs” de Kurt Weill e Bertolt Brecht. Expulsos da Alemanha em 1933 por suas origens e crenças políticas, Weill e Brecht tornam-se símbolos de resistência. No final, os heróis são celebrados enquanto os nazistas encontram seu inevitável destino, caindo em desgraça.


Filme: Guerra sem Regras
Direção: Guy Ritchie
Ano: 2024
Gêneros: Ação/Comédia
Nota: 8/10