“De Repente 30” é sem dúvida um dos filmes mais marcantes na vida dos nascidos nos anos 1990 e 2000. A comédia romântica nostálgica e agradável conta a história de Jenna Rink (Jennifer Garner), uma menina de 13 anos que não se encaixa nos padrões: não é bonita nem popular e seu melhor amigo é um nerd esquisito. Jenna decide mudar seu destino quando convida o grupo de garotas populares e inconvenientes do seu colégio para sua festa de aniversário de 13 anos. Entretanto, a situação é muito pior do que ela esperava. As meninas a enganam, vão embora de sua festa e a deixam presa dentro do armário da sala junto com Matt (Mark Ruffalo), seu melhor amigo.
Decepcionada e chateada com tudo que aconteceu, Jenna deseja ter 30 anos para conseguir escapar da adolescência de uma vez por todas. Como num passe de mágica, Jenna está com 30 anos. Seu corpo é totalmente diferente e sua aparência definitivamente não é mais a de uma garota de 13 anos. Agora, Jenna mora em um apartamento de luxo em Nova York, tem um guarda-roupa com uma quantidade imensurável de sapatos e vestidos, namora com um famoso jogador de hóquei e é editora da Poise, uma das revistas de moda mais conceituadas e populares dos Estados Unidos.
A menina, que agora é uma mulher, mal consegue acreditar em tudo o que está acontecendo. Todos os seus sonhos se tornaram realidade e tudo parece excessivamente perfeito. Mesmo rodeada de luxo, fama e sucesso, Jenna não reconhece ninguém que está ao seu redor. Ela não sabe onde estão seus pais nem seu melhor amigo, e não faz ideia de como tudo aconteceu. Para piorar, Jenna é o oposto da mulher que sonhava ser. Ela é uma pessoa egoísta, mesquinha, arrogante e passa por cima de qualquer pessoa para conseguir o que quer. Perdida e triste com o que se tornou, a primeira pessoa que Jenna pensa em procurar é Matt, seu melhor amigo. Quando o encontra, tudo está muito diferente: ele tem uma namorada, um emprego e eles já não são mais amigos como antes.
Quando Jenna percebe que tudo o que tinha quando era jovem está perdido, ela se encontra em um enorme vazio existencial e entende que a melhor forma de ser feliz no presente é consertando seu passado. Então, ela viaja até a casa de seus pais, pede desculpas por todos os seus erros e tenta reconquistar a amizade de Matt. Dessa forma, a comédia romântica que se apresenta como um filme água com açúcar consegue se transformar em um filme muito mais profundo do que imaginamos, repleto de reflexões sobre a solidão e o amadurecimento.
Ao perceber que a vida adulta exige responsabilidades, escolhas e uma série de questões muito mais sérias e difíceis do que as antigas preocupações com notas, amigos e garotos, Jenna entende que precisa ser autossuficiente e se concentrar no que realmente importa para conseguir se reconectar com sua verdadeira personalidade. No segundo ato, Jenna já se tornou, de fato, uma mulher. Está muito mais amadurecida, consciente, responsável e consegue fazer escolhas assertivas. Tudo parece finalmente se encaixar, mas dois grandes conflitos marcam o desenvolvimento final da narrativa: Matt está prestes a se casar e a revista Poise está um completo fracasso e precisará ser reprojetada.
Ao saber disso, Jenna decide contratar Matt temporariamente para ajudá-la a desenvolver um novo projeto para a revista e, simultaneamente, eles se aproximam e afloram ainda mais um romance tímido que já existia entre os dois. O projeto, por sua vez, agrada toda a equipe da Poise e é um verdadeiro sucesso. Com sua habilidade perspicaz de construir diversos plot twists, o diretor Gary Winick nos surpreende mais uma vez, revelando que a personalidade adulta e alternativa de Jenna estava sabotando a Poise e vendendo seu trabalho para uma revista concorrente. Além disso, Matt irá se casar no dia seguinte e não há nada que ela possa fazer para reverter tudo isso.
O filme consegue encontrar uma alternativa bastante inteligente para a quantidade de conflitos que são estabelecidos no desfecho: Jenna e Matt conseguem viajar no tempo e voltar para os 13 anos, recomeçando a partir dali, corrigindo tudo aquilo que não foi bom e tendo a vida que eles sempre desejaram. O longa é concluído de forma perfeitamente agradável. Fofo, divertido e sensível são adjetivos que descrevem bem “De Repente 30”, um filme leve e muito aconchegante que nos faz refletir sobre a vida adulta e sobre as diversas escolhas que precisamos fazer diariamente. Recheado de referências à cultura pop e uma trilha sonora sensacional, concluo que assistir a este filme é uma tarefa indispensável.
Filme: De Repente 30
Direção: Gary Winick
Ano: 2004
Gêneros: Comédia/Romance
Nota: 10