Angelina Jolie assume o centro do palco em “Salt”, um filme inicialmente planejado para Tom Cruise. Quando Cruise recusou o papel, o diretor Phillip Noyce e sua equipe de produção decidiram reformular o personagem principal como uma mulher, e Jolie foi a escolha ideal, transformando o que poderia ser um filme de espionagem típico em uma experiência intensa e envolvente.
O filme começa com um prólogo que remete a filmes B de mulheres encarceradas, mas rapidamente nos leva a um universo de alta tecnologia, repleto de vigilância e espionagem. Evelyn Salt, uma agente da CIA, se prepara para celebrar seu primeiro aniversário de casamento quando é chamada para um interrogatório urgente. Um desertor russo, interpretado por Daniel Olbrychski, traz revelações surpreendentes, incluindo a acusação de que Salt é uma espiã russa adormecida. Em vez de esperar para provar sua inocência, ela decide fugir, desencadeando uma série de eventos eletrizantes.
Salt é retratada como uma espiã complexa, mestre em artes marciais israelenses, acrobacias aéreas e corridas impressionantes. Casada com um entomologista especializado em aranhas, ela utiliza seu conhecimento para escapar de situações perigosas, como uma prisão na Coreia do Norte. Quando o desertor russo a acusa, seus superiores querem mantê-la sob custódia até que tudo seja esclarecido. No entanto, Salt escapa para proteger seu marido, dando início a 90 minutos de ação ininterrupta.
O roteiro de Kurt Wimmer, conhecido por “Código de Conduta”, é desenhado para maximizar a adrenalina. Cada cenário é estrategicamente escolhido para facilitar acrobacias espetaculares, desde a sede da CIA até as movimentadas ruas de Washington, onde Salt deve escapar de salas trancadas e desativar câmeras de segurança. A ação é incessante, culminando na destruição parcial da histórica Igreja de São Bartolomeu na Park Avenue, em Manhattan. Noyce dirige com habilidade, utilizando sua experiência em adaptações de Tom Clancy para criar cenas de tirar o fôlego.
Jolie traz uma intensidade notável ao papel, difícil de imaginar em qualquer outra atriz de Hollywood. Ela participa de perseguições de moto, lutas corpo a corpo e demonstra habilidades impressionantes em disfarces, incluindo uma cena onde se passa por um homem, reminiscentes de “Missão: Impossível”. A relação de Salt com seu marido, embora fragmentada, adiciona profundidade emocional à personagem, ilustrando os sacrifícios pessoais que ela faz em nome do dever.
A política em “Salt” é apresentada de maneira simples, com a ideia de agentes russos adormecidos. No entanto, o foco real é proporcionar a Jolie oportunidades para brilhar como uma heroína de ação, o que ela faz com destreza. A trama, apesar de algumas implausibilidades, é energeticamente envolvente e divertida, com uma contagem de mortes relativamente baixa, apesar das inúmeras cenas de ação. A identidade de Salt é constantemente questionada, mantendo o público intrigado até o desfecho, que claramente sugere uma sequência.
“Salt” é um turbilhão de ação e espionagem, onde Angelina Jolie se destaca intensamente, trazendo uma energia incomparável ao papel de Evelyn Salt. O filme mistura cenas de ação eletrizantes com uma trama cheia de reviravoltas, mantendo o público engajado e ansioso pela continuação.
Filme: Salt
Direção: Phillip Noyce
Ano: 2010
Gêneros: Ação/Mistério
Nota: 9/10