90 minutos de alívio: filme com Frank Grillo no Prime Video é o que você precisa para desligar o cérebro e relaxar Divulgação / Red Sea Media

90 minutos de alívio: filme com Frank Grillo no Prime Video é o que você precisa para desligar o cérebro e relaxar

Kevin Grevioux é um homem de múltiplos talentos. Depois de apresentar-se em tramas soturnas diante das câmeras, Grevioux resolveu que era hora de adaptar uma de suas histórias em quadrinhos, e assim “O Rei dos Assassinos” foi tomando forma, reunindo essas suas três habilidades. O diretor contorna a falta de originalidade de narrativas nas quais um homem atormentado por uma grande perda se lança numa jornada de autodestruição até que um fato novo comece a fazê-lo cair em si e voltar para onde sempre deveria ter estado abusando de sequências com lutas muito bem coreografadas, além, claro, de sangue e um mistério que reserva para a conclusão, elementos que coroa com o brilhante desempenho de um protagonista incansável. Da mesma forma que Grevioux, Alain Moussi dispõe de sua experiência em artes marciais a exemplo de jiu-jítsu, kickboxing e caratê para incorporar um assassino profissional a contragosto implicado numa extenuante pugna com outros matadores a soldo depois da morte da esposa, combustível da ira que se transforma num instintivo desejo de reparação.

Desde o primeiríssimo instante em que se sente fazendo parte do mundo, percebe-se um ser dotado de alguma razão e cheio de questões fundamentais que só ele mesmo é capaz de equacionar, o homem se dá conta de que viver não é nada fácil e que a luta pela sobrevivência força-nos a incorporar uma postura agressiva diante dos outros, quiçá até violenta, o que fazemos muitas vezes de bom grado e sem qualquer sinal de esforço, já que essa é a nossa verdadeira natureza. O lado predador de cada um vive à sorrelfa, arreganhando os dentes, mostrando as garras e ansiando por uma oportunidade de dar o bote, desconsiderando princípios, normas, códigos de conduta e farejando caminhos para burlar a própria lei.

O vilão que criamos para justificar nossa indignidade vem à luz com espantosa fluidez, e o personagem se assenhora de tudo quanto houver de ainda são, afinando-se a nossos propósitos mais substanciais. O espírito, sempre falto daquela nesga de lucidez que aparta o bem do mal e a vida da morte, cheio de seus tantos melindres, presta-se ao cargo de algoz com certa frequência, e tanto mais queremos dominá-lo, mais ele se nos mostra selvagem, cobra que agasalhamos em nosso seio, nos enfeitiça e nos rasga a carne, inoculando o veneno que nos há de destruir.

Esse bicho furioso é Marcus Garan, que iria comemorar o aniversário de casamento com Karla, de Amy Groening, mas tem seus planos frustrados pela tétrica maquinação que Grevioux consegue manter oculta até a última cena. Depois que a desgraça o colhe, Marcus aceita participar da tal competição, deixa Kimberly, a filha interpretada por Zoe Worn, com a sogra, vivida por Marina Stephenson Kerr — de quem leva uma reprimenda que parece sacudi-lo. Rivalizando com outros cinco homicidas de um certo Alphabet Club (entre os quais está o tipo encarnado pelo próprio Grevioux), chamados para assassinar Jorg Drakos, o tal chefe dos sicários do título — pelo próprio Drakos —, ele só se guia pela intuição, correta, como se vai ver. Como Marcus e Drakos, Moussi e Frank Grillo parecem disputar o filme palmo a palmo, até que, enfim, chegue o surpreendente acerto de contas, que se esquiva do previsível e deixa qualquer um ansiando pela continuação.


Filme: O Rei dos Assassinos
Direção: Kevin Grevioux
Ano: 2023
Gêneros: Ação/Thriller/Mistério 
Nota: 8/10