A adolescência é um período repleto de complexidades, onde transformações físicas e emocionais se entrelaçam com as turbulências do mundo externo. A metamorfose corporal — desde o surgimento de acne até as mudanças abruptas no peso e na altura — reflete uma fase de intensa autodescoberta e, muitas vezes, de inseguranças. Neste cenário, a vida parece uma constante batalha contra a própria imagem e as pressões sociais. É nesse ambiente desafiador que Greg Berlanti, com sua adaptação cinematográfica, leva o público a explorar as nuances da adolescência com “Love, Simon”.
O filme é baseado no livro “Simon vs. the Homo Sapiens Agenda” de Becky Albertalli, publicado em 2015. A narrativa gira em torno de Simon Spier, um jovem que está confortável com sua orientação sexual, mas que enfrenta o medo de revelar sua identidade para amigos e familiares. A adaptação ao cinema, coescrita por Albertalli, Isaac Aptaker e Elizabeth Berger, é bem-sucedida em transformar uma história inicialmente fria em um envolvente diálogo sobre aceitação e identidade.
O enredo acompanha Simon, que vive uma vida relativamente estável com seus pais, Emily e Jack, interpretados por Jennifer Garner e Josh Duhamel, e sua irmã caçula Nora, interpretada por Talitha Eliana Bateman. A dinâmica familiar é retratada de maneira a sublinhar o amor e o apoio incondicional que Simon recebe. Nas interações com sua família e nas atividades do clube de teatro da escola, Simon se destaca, embora o verdadeiro conflito surja quando seu segredo está ameaçado de ser revelado.
O ponto central da trama é a relação de Simon com Blue, um colega com quem ele se corresponde anonimamente. A revelação pública da orientação sexual de Simon também expõe a identidade de Blue, adicionando uma camada de complexidade ao enredo. A habilidade de Nick Robinson, no papel de Simon, em equilibrar as preocupações e dilemas de seu personagem com um tom leve e acessível, é crucial para o sucesso do filme. Sua performance traz uma sensibilidade que é rara e valiosa quando se trata de temas delicados como a sexualidade e a autoaceitação.
“Love, Simon”, na Netflix, se destaca não apenas por sua abordagem honesta das questões enfrentadas pelos adolescentes, mas também pela forma como consegue tratar esses temas com leveza, algo essencial para um público jovem. A narrativa, ao explorar o caminho de Simon para a autoaceitação e o enfrentamento de suas inseguranças, oferece uma perspectiva reconfortante e genuína sobre as lutas e triunfos típicos da adolescência.
Filme: Love, Simon
Direção: Greg Berlanti
Ano: 2018
Gêneros: Romance/Comédia/Coming-of-age
Nota: 8/10