Suspense psicológico do Prime Video com 5 indicações ao BAFTA 2024 é um dos melhores filmes dos últimos 6 meses Divulgação / Amazon Prime Video

Suspense psicológico do Prime Video com 5 indicações ao BAFTA 2024 é um dos melhores filmes dos últimos 6 meses

“Saltburn” é uma obra cinematográfica deslumbrante, dirigida e escrita com maestria por Emerald Fennell, a renomada cineasta britânica vencedora do Oscar. Após o impacto de “Bela Vingança”, Fennell apresenta um filme ainda mais provocativo. A trama se desenvolve em uma majestosa mansão no campo inglês, onde a aristocracia se diverte sob o olhar invejoso dos plebeus. Nesse cenário de privilégios, Oliver Quick, interpretado por Barry Keoghan, é um estudante bolsista de Oxford que luta por respeito e aceitação. Keoghan, um jovem ator talentoso com um olhar e presença marcantes, dá vida a Oliver com realismo e carisma.

A história de Oliver, nosso “herói”, se inicia em Oxford, onde ele se sente claramente fora de seu elemento, apesar de sua inteligência e conhecimento. Sua vida toma um rumo inesperado quando ajuda Felix Catton, um aristocrata carismático vivido por Jacob Elordi. Felix, com sua beleza estonteante e privilégio evidente, convida Oliver para passar o verão na opulenta residência dos Catton, após uma pequena gentileza. Esse convite, embora feito em um momento de pena e caridade, é visto por Oliver como uma oportunidade de ascensão social.

Na extravagante casa de campo dos Catton, Oliver se depara com uma família excêntrica. Lady Elspeth, mãe de Felix, interpretada por Rosamund Pike, é passivo-agressiva e capaz de cortar até os ossos com seus comentários despreocupados. Sir James, o pai, vivido por Richard E. Grant, parece saído das páginas de um romance de P.G. Wodehouse, mas confuso demais para encontrar o caminho de volta. Venetia, a irmã ninfomaníaca, interpretada por Alison Oliver, é uma presença volúvel e provocativa. Esse núcleo excêntrico serve como pano de fundo para uma crítica aguda ao elitismo inglês, com Oliver rapidamente avaliando seus novos companheiros.

O roteiro habilmente entrelaça a escalada de Oliver na hierarquia social com uma espiral de decadência moral. Fennell, que frequentou Oxford na mesma época em que o filme se passa, não poupa nas críticas ao elitismo e à decadência moral da alta sociedade. A direção de Fennell mescla suspense, drama e crítica social, explorando os excessos da burguesia e a crueldade sociopática de maneira envolvente. As cenas homoeróticas audaciosas e o desejo obsessivo por status são tratados com uma cinematografia estonteante que complementa a complexidade dos personagens e da trama.

Apesar do tom provocativo e às vezes sensacionalista, o filme mantém o espectador cativado ao longo de seus 127 minutos. Fennell tem um agudo senso de como a sátira funciona, utilizando a guerra de classes como um tema substancial para golpes rápidos e dolorosos. No entanto, a necessidade de ser provocativa às vezes parece gratuita, com momentos controversos que ameaçam chocar pela reação em vez de contribuir para a narrativa. Ainda assim, “Saltburn” se destaca como uma peça cinematográfica essencial e inquietante, desafiando o público a confrontar verdades desconfortáveis sobre classe, ambição e desejo. A direção de fotografia de Linus Sandgren, aliada ao roteiro perspicaz de Fennell e à atuação profunda de Keoghan, faz deste filme uma experiência cinematográfica memorável e provocativa.


Filme: Saltburn
Direção: Emerald Fennell
Ano: 2023
Gêneros: Thriller/Comédia
Nota: 9/10