Vencedor de 62 prêmios, incluido 9 Oscars, uma das maiores obras-primas do cinema está na Netflix Divulgação / Miramax

Vencedor de 62 prêmios, incluido 9 Oscars, uma das maiores obras-primas do cinema está na Netflix

A indústria cinematográfica muitas vezes reserva surpresas quanto aos projetos que se revelam exitosos. “O Paciente Inglês” é um exemplo notável de um filme cuja produção começou envolta em incertezas e dificuldades financeiras. Originalmente pertencente à Fox, o projeto acabou sendo assumido pela Miramax após o estúdio inicial abandoná-lo devido a discordâncias com o diretor Anthony Minghella sobre o elenco. A Fox insistia em Demi Moore para o papel de Kristin Scott Thomas, que Minghella preferia.

Além disso, Bruce Willis recusou o papel de Caravaggio, um dos personagens centrais, que acabou sendo interpretado por Willem Dafoe. Willis, aconselhado por seu agente a não aceitar o papel, demitiu-o depois que “O Paciente Inglês” arrecadou dez vezes seu custo de produção nas bilheterias, recebeu aclamação da crítica e conquistou nove Oscars. A frustração de Willis diante do sucesso inesperado do filme foi compreensível.

Baseado no romance de Michael Ondaatje, um escritor nascido no Sri Lanka e radicado no Canadá, o livro foi publicado em 1992, e a adaptação cinematográfica foi lançada apenas quatro anos depois. Ondaatje visitou o Brasil em 2005, participando da Feira Internacional de Literatura de Parati. No filme, somos apresentados a um épico romance que entrelaça histórias paralelas em uma teia complexa de eventos que culminam em um desfecho impactante.

A narrativa se inicia com a queda de um avião no deserto do Saara, transportando dois passageiros. À medida que a trama avança, descobrimos que o único sobrevivente, Almásy (Ralph Fiennes), era o piloto da aeronave. O filme segue múltiplas linhas temporais, com a principal sendo a que envolve a enfermeira Hana (Juliette Binoche), dedicada a salvar vidas de soldados durante a Segunda Guerra Mundial, enquanto lida com a recente perda de seu noivo.

Hana, convencida de que é amaldiçoada após a morte de uma amiga enfermeira, cuida de Almásy, gravemente queimado e sem memória, e o leva para um mosteiro abandonado na Itália. Lá, ela transforma o local em uma enfermaria improvisada, cuidando de seu enigmático paciente inglês. Entretanto, Almásy não é inglês, mas sim um cartógrafo e piloto húngaro, László Almásy, que participou de uma expedição arqueológica e topográfica da Royal Geographical Society.

Entre os membros da expedição estavam Geoffrey (Colin Firth) e Katherine Clifton, com quem Almásy iniciou um romance durante a documentação de pinturas rupestres no Cairo. O relacionamento, contudo, desmoronou devido ao receio de Katherine sobre a reação de seu marido.

As memórias de Almásy são reavivadas por um livro de Heródoto que ele carrega, repleto de anotações e fotografias. Enquanto Hana cuida dele, lutando contra seus próprios sentimentos por Kip (Naveen Andrews), um soldado do exército indiano britânico, Caravaggio (Dafoe), um agente da inteligência canadense, surge em busca de vingança contra Almásy, a quem culpa por sua captura e tortura pelos alemães.

À medida que as histórias dos personagens se desenrolam, suas vidas se entrelaçam de maneira surpreendente, conduzindo a um final devastador. Aclamado em seu lançamento, “O Paciente Inglês” é visualmente deslumbrante, com a cinematografia de John Seale, premiada com o Oscar, destacando as vastas paisagens desérticas e o uso dramático de chiaroscuro.

A estética do filme, marcada pela simetria e pela exploração de diferentes localidades e culturas, combinada com um roteiro detalhado e atuações poderosas, resulta em uma obra que deixou uma marca indelével na história do cinema. Na Netflix, “O Paciente Inglês” continua a cativar audiências, sendo lembrado como um clássico inesquecível.


Filme: O Paciente Inglês
Direção: Anthony Minghella
Ano: 1996
Gênero: Romance/Drama
Nota: 10