Lançado há apenas uma semana, sucesso de audiência na Netflix já foi visto por 15 milhões de pessoas Divulgação / Netflix

Lançado há apenas uma semana, sucesso de audiência na Netflix já foi visto por 15 milhões de pessoas

John Allman, um astro do rock em decadência vivido por Harry Connick Jr., encontrou um refúgio para passar seus últimos dias. “Mergulhando no Amor”, comédia romântica dirigida pela cipriota Stelana Kliris, explora como as aparências podem ser enganosas e cobrar um preço elevado. Logo de início, Kliris revela que Allman tem uma história com aquele paraíso no Mediterrâneo.

Connick Jr. entrega uma performance que gera compaixão, evoluindo rapidamente para empatia e afeto. O público começa a torcer descaradamente por ele, desejando que ele encontre a paz que o isolamento na bela ilha de Chipre não conseguiu proporcionar. Para alcançar essa paz, Allman precisa resolver questões com duas mulheres de seu passado, e como nas antigas tragédias gregas, o destino parece estar disposto a ajudar quem merece.

A vida constantemente nos desafia a encontrar razões para manter nossa crença, ignorando o desânimo que nos endurece e paralisa. Devemos combater a melancolia que, quando excessiva, ofusca a reflexão saudável e nos lança no pântano da dúvida constante. Precisamos superar o que nos tenta renunciar ao sonho de dias melhores e pessoas mais felizes, o ideal mais simples e ao mesmo tempo mais complicado que se pode almejar.

Viver é como uma cornucópia de luzes e sombras que se atraem e se repelem, uma montanha-russa de subidas e descidas bruscas e inesperadas. Navegamos por labirintos claustrofóbicos que se estreitam à medida que nos deparamos com nossas limitações humanas, reforçando a sensação de que o espírito humano é capaz de conter todos os sonhos, mas também muitas das impurezas que mancham o mundo além da compreensão superficial.

Allman não é exceção. Ouvir sua canção “Girl on the Beach” no rádio, anos depois de ter conquistado fama e fortuna, lhe traz apenas a certeza de que a juventude é uma memória distante. Agora, ele é um homem de quase sessenta anos vivendo na casa à beira de um penhasco, um símbolo sutil e incômodo para aqueles que desistiram de viver.

Kliris usa essa metáfora para chegar ao coração de seu anti-herói, cuja filha, que ele nunca conheceu, é agora sua vizinha. Ali Fumiko Whitney, no papel de Melina, responde bem à atuação do veterano, e as cenas em que ela canta com Connick Jr. são momentos dramáticos valiosos em um filme quase melancólico. “Mergulhando no Amor”, na Netflix, exige atenção aos detalhes para ser plenamente apreciado.


Filme: Mergulhando no Amor
Direção: Stelana Kliris
Ano: 2024
Gêneros: Comédia/Romance 
Nota: 8/10