“Como Vender a Lua” é a mais nova aposta de Hollywood para fazer o que eles fazem de melhor: contar a história norte-americana de forma romantizada. O filme narra a famosa missão Apollo 11, que proporcionou a chegada do homem à Lua e marcou não somente os Estados Unidos, mas o mundo inteiro. Com um elenco de peso e um roteiro cheio de camadas, o filme começa nos apresentando a Kelly Jones (Scarlett Johansson), uma publicitária falastrona e trambiqueira que ganha a vida criando as formas mais inusitadas possíveis para realizar suas vendas. Certo dia, a proposta mais desafiadora de sua vida bate à sua porta: ser diretora de marketing da NASA.
Quando aceitou a proposta, ela não imaginou que iria trabalhar com Cole Davis (Channing Tatum), um homem atraente que conheceu de forma despretensiosa enquanto jantava em um restaurante de beira de estrada. Ironicamente, ele é o diretor de lançamento do Apollo 11 e um dos pilotos mais renomados e bem-sucedidos de todo o país. Assim que inicia seu trabalho, Kelly desenvolve todos os tipos de produto que possam ter alguma relação com a missão: relógios usados por astronautas, sucos que só astronautas bebem, comerciais de televisão, jingles e entrevistas exclusivas. Tudo isso para que todos os olhares se voltem para o projeto, gerando novos patrocinadores para a tão aguardada transmissão ao vivo da chegada do homem à Lua.
Enquanto engenheiros e físicos determinados precisam aprender a conviver com fotógrafos, jornalistas e uma equipe de marketing efusiva, a aproximação entre Kelly e Cole começa a se estreitar cada vez mais, e a implicância do início do enredo se transforma numa paixão crescente. No início do segundo ato, o longa caminha para um cenário tranquilo em que todos os personagens parecem finalmente encontrar harmonia em simultâneo com o sucesso fenomenal das publicidades e da divulgação da missão, e em coerência com a evolução estrutural do foguete e do preparo técnico do projeto.
Mesmo assim, um novo conflito se estabelece: o chefe de Kelly demanda que ela prepare um vídeo falso que simule a chegada dos astronautas à Lua e desative a câmera que está dentro do foguete. Isso porque ele entende que a missão não é somente uma questão científica ou comercial, mas sim uma prova de que os Estados Unidos seriam uma hegemonia mundial e de que não se submeteriam ao comunismo soviético. Mesmo relutante, Kelly aceita a ideia e contrata um diretor audiovisual excêntrico e divertido que inicia o projeto de direção de arte do cenário e a preparação dos atores para a cena. Simultaneamente, ela continua tentando divulgar a missão para a imprensa e convence Cole a dar uma entrevista para falar mais sobre a missão, em troca do apoio de um dos senadores da cidade.
De repente, uma sequência de acontecimentos ruins marca o ponto de virada do filme, que nos introduz ao terceiro ato. Cole perde a paciência durante a entrevista depois de uma pergunta indelicada do jornalista, e Kelly precisa fugir, depois de ter concluído seu trabalho, para esquecer seus problemas pessoais e apagar seu passado turbulento de uma vez por todas. Mesmo precisando ir embora, Kelly decide voltar para a NASA e contar a verdade sobre sua tentativa de forjar a transmissão ao vivo da missão, antes que seja tarde demais. Quando a equipe descobre, mesmo decepcionados, eles se unem para reativar a câmera que está dentro do foguete e recuperar o que quase foi perdido.
Na conclusão, temos o privilégio de acompanhar um momento histórico na telona do cinema e assistir a um final feliz clichê, mas muito bem executado: Kelly reconquista a confiança da NASA e, principalmente, o coração de Cole. Dessa forma, a trama sociopolítica espinhosa entre Estados Unidos e União Soviética se transforma em uma comédia romântica bem-humorada e descontraída. Mesmo parecendo uma forma rasa e pouco verídica de retratar o tema, encaro a temática do Apollo 11 como um mero pretexto para construir um filme estilo sessão da tarde com excelentes atuações e uma trilha sonora deliciosa.
Filme: Como Vender a Lua
Direção: Greg Berlanti
Ano: 2024
Gêneros: Romance/Comédia
Nota: 10