Último filme de Penélope Cruz e Ben Stiller juntos na Netflix: 90 minutos de risadas garantidas Divulgação / Paramount Pictures

Último filme de Penélope Cruz e Ben Stiller juntos na Netflix: 90 minutos de risadas garantidas

Um ex-modelo que se torna detetive e mete-se a investigar estranhíssimos assassinatos em série só poderia mesmo ser interpretado por Ben Stiller. À coleção de figuras entre engraçadas e reflexivas de Stiller, que deliram a ponto de oferecer perigo a si e aos outros, repetindo-se, alimentando ciclos sem fim certo, mas atentos às tão necessárias mudanças ao longo do caminho, junta-se Derek Zoolander, o protagonista de “Zoolander 2”, que, dirigido pelo próprio ator, deixa clara a convicção acerca do projeto. Década e meia depois de “Zoolander” (2001), também a cargo de seu olhar leve, mas criterioso, Stiller ratifica a habilidade para fazer graça sobre ideias um tanto inconsistentes, dividindo seu filme com um batalhão de celebridades que deixam tudo ainda mais saborosamente caótico. Ao lado dos corroteiristas Nicholas Stoller e Justin Theroux, o roteiro do diretor tem por único norte a loucura com método, alicerce partir do qual levanta o imenso edifício que mantém de pé com uma ajuda de um companheiro de cena digno do seu talento.

Um dos sete pecados capitais, a vaidade passa a ser uma pedra no sapato de qualquer um, religioso ou não, principalmente se excessiva, e tanto pior, se parte de outra pessoa, como uma flecha envenenada, rumo ao nosso peito. Disse sabiamente Terêncio (185 a.C. — 159 a.C.) que, por ser humano, nada que o homem fizesse ou deixasse de fazer lhe era indiferente. À medida que nos admitimos donos de fraquezas as mais inexpugnáveis, concentradas em espíritos débeis, tanto mais que a carne, vulneráveis aos pesares tão íntimos de cada um, desajustes sociais, tragédias que aniquilam o que há por fora e por dentro, luzes e sombras, reentrâncias e saliências, altos e baixos, toda a duplicidade que pode haver no espírito do homem, atira-nos também no limbo de realidades suspeitas que, eivada de fantasia a mais torpe, nos conduz por entre tantos outros abismos, mais rasos e mais fundos.

A abertura, com Justin Bieber recebido por uma chuva de balas em frente à mansão de Sting em Roma, trata de esclarecer de uma vez por todas que esta é uma história sem compromisso algum com a lógica. Esses são os homicídios de que se Zoolander se encarrega, ajudado pelo Hansel McDonald de Owen Wilson, tão fora de qualquer padrão quanto ele. Stiller e Wilson respondem por grande parte da maravilhosaloucura de “Zoolander 2”, nada original, mas certeiro no que se propõe: divertir.


Filme: Zoolander 2
Direção: Ben Stiller
Ano: 2016
Gêneros: Comédia/Ação/Aventura
Nota: 8/10