Suspense dramático aterrador da Netflix é um dos melhores filmes dos últimos 12 meses Ea Czyz / Netflix

Suspense dramático aterrador da Netflix é um dos melhores filmes dos últimos 12 meses

Aspectos verdadeiramente enigmáticos permeiam a convivência entre um homem e uma mulher que decidem compartilhar a vida, e essa complexidade se intensifica com a chegada dos filhos. Os filhos têm o poder de unir permanentemente um casal à beira de crises pessoais, ou de separá-los por razões que apenas os dois entendem. Fares Fares explora essa intricada dinâmica com sutileza, mesmo em meio a uma trama absurdamente triste, violenta e quase inacreditável, inspirada por uma notícia de jornal. Com cuidado, Fares examina algumas das possíveis razões para o fracasso do relacionamento em foco, demonstrando um profundo entendimento do assunto.

Em seu primeiro longa-metragem, o sueco-libanês captura a angústia de um homem que, longe de sua terra natal, sente-se ainda mais desorientado, ferido em sua dignidade e consumido pela sensação de perda iminente de seu bem mais precioso. Um homem vestindo azul, carregando uma mochila grená, entra em um centro de saúde. Ele se dirige à recepcionista, mencionando que precisa falar com uma tal Louise. Apesar da natureza pessoal do assunto, ele deve esperar sua vez. Pega a senha número 59, tenta ignorar o calor sufocante do verão sueco, aguarda enquanto imagina estar em um romance de Beckett, e finalmente descobre que Louise está ocupada demais para vê-lo.

A introdução, brilhantemente construída para ocultar o suspense, prende a atenção do público. Mesmo que possam prever os acontecimentos, os espectadores são surpreendidos ao descobrir que Louise e Artan, o homem inicialmente inofensivo, compartilham uma vida e uma filha, Cassandra, mas não conseguem chegar a um acordo sobre a guarda da menina.

O roteiro, escrito por Fares e Peter Smirnakos, aprofunda-se na violência do anti-herói, com Aleksej Manvelov imerso na complexidade do personagem. Em certos momentos, ele consegue até justificar o extremismo de Artan, que responde à suposta desumanidade da ex-mulher. Alma Pöysti oferece um contraponto à altura de Manvelov, e as cenas no carro, durante uma viagem que tem tudo para terminar mal, mostram Fares também atuando como Lukas Malki, o negociador que conduz o caso de uma maneira distintamente sueca.


Filme: Um Dia e Meio
Direção: Fares Fares
Ano: 2023
Gêneros: Ação/Drama/Suspense
Nota: 9/10