Últimos dias para assistir ficção científica indicada a 2 Oscars na Netflix Divulgação / CTMG

Últimos dias para assistir ficção científica indicada a 2 Oscars na Netflix

No vasto universo interior de cada pessoa, sentimentos muitas vezes se perdem. Tentativas de conformar-se a padrões externos frequentemente resultam em um distanciamento da rica e complexa natureza individual. O cinema tem a capacidade de tornar o mundo um lugar menos solitário, mesmo que a Terra não se torne um novo paraíso por conta disso.

Morten Tyldum explora essas sensações em “Passageiros”, na Netflix, um filme que convida a uma reflexão filosófica sobre a existência em lugares inexplorados da galáxia, uma resposta aparente às dificuldades da vida em um planeta esgotado pelas ações humanas. Tyldum utiliza o roteiro de Jon Spaihts como uma ferramenta eficaz para incitar o público a refletir sobre cada palavra e gesto, ressaltando as graves consequências de nossas ações.

Jim Preston, personagem de Chris Pratt, acorda da hibernação na nave espacial Avalon após uma colisão com asteroides. Spaihts não explica as motivações exatas que levaram Jim a deixar a Terra, até então o único lar conhecido para a vida multicelular. É provável que a Terra tenha se tornado inabitável, levando os cinco mil passageiros da Avalon a buscar refúgio em Homestead 2, um planeta-colônia.

A colisão com as rochas espaciais danifica o reator de fusão da nave, desregulando o sistema de hibernação. Enquanto os outros passageiros deveriam dormir por 120 anos, Jim acorda após apenas 30 anos, desorientado e ciente de que algo está errado. A presença de uma instrutora holográfica, interpretada por Nazanin Boniadi, que se refere a ele no plural, intensifica essa percepção. Pratt confere a Jim uma ternura que evoca empatia e pena, mas o desespero leva o personagem a uma decisão irracional, típica de sua situação única.

Aurora Lane, interpretada por Jennifer Lawrence, surge como a contraparte de Jim. Inicialmente furiosa por ter sido despertada por um estranho, ela gradualmente desenvolve sentimentos por ele, uma transição que parece forçada e diminui o potencial dramático do filme. Essa necessidade de amarrar tudo em um desfecho coeso contrasta com o trabalho anterior de Tyldum em “O Jogo da Imitação” (2014), onde a complexa personalidade de Alan Turing foi explorada de forma profunda e significativa.

Nem mesmo o talento de Lawrence é suficiente para sustentar o filme, que se destaca principalmente pela trilha sonora de Thomas Newman e pela direção de arte liderada por John Collins, ambos indicados ao Oscar. A influência de “2001: Uma Odisseia no Espaço” de Stanley Kubrick é evidente na direção de arte, mas após um início promissor, “Passageiros” se revela superficial, focando mais na estética visual do que no desenvolvimento de seus temas.


Filme: Passageiros
Direção: Morten Tyldum
Ano: 2016
Gênero: Ficção científica/Romance/Drama/Aventura
Nota: 7/10