Prepare-se para 110 minutos de pura tensão com Cate Blanchett e Saoirse Ronan no melhor suspense de ação da Netflix Divulgação / Focus Features

Prepare-se para 110 minutos de pura tensão com Cate Blanchett e Saoirse Ronan no melhor suspense de ação da Netflix

Viver isolado pode trazer desafios específicos, mas nada supera a sensação de solidão mesmo quando se está na companhia de outros. Cada indivíduo é um microcosmo de ideias, desejos e necessidades, carregando consigo expectativas muitas vezes inalcançáveis. Aceitar as surpresas da vida é um desafio constante. Para o ser humano, dotado de uma natureza contestadora, submeter-se a regras contrárias a essa essência é particularmente penoso. Apesar de necessário para a convivência social, conformar-se é uma tarefa árdua. O ser humano, reflexo da natureza indisciplinada e caótica, é sempre tentado a buscar novas experiências e realidades. Esse desejo de transcender a vida cotidiana, abandonando a segurança conhecida em busca de algo mais profundo, é uma constante. Contudo, os imprevistos são inevitáveis, transformando o previsível em inesperado e provocando inevitáveis confrontos.

Joe Wright é um cineasta hábil em revelar os detalhes invisíveis da vida cotidiana e das relações pessoais. “Hanna” (2011) é uma obra que desafia as percepções básicas da vida de forma crua. O filme vai além do drama familiar, incorporando cenas dinâmicas que espelham a imprevisibilidade da vida. O roteiro de David Farr e Seth Lochhead é intencionalmente complexo, exigindo tempo para que o público absorva sua essência. A direção audaciosa de Wright desafia a percepção da realidade, com Saoirse Ronan interpretando uma protagonista que parece uma figura espectral, marcada por uma aparência etérea.

A ambiguidade da personagem é estabelecida desde o início, quando uma cena brutal de caça é intercalada com um confronto feroz com Erik Heller, insinuado como seu pai pelo roteiro. Essas situações servem como treinamento para Hanna, preparando-a para enfrentar adversários reais em um futuro próximo. À medida que detalhes sobre a anti-heroína emergem, Erik Heller, interpretado por Eric Bana, revela uma preocupação obsessiva com sua segurança, até que a agente da CIA, Marissa Wiegler, entra em cena, determinada a capturá-los.

Cate Blanchett dá vida à implacável agente Wiegler, cuja missão é clara apesar de suas dúvidas internas: Hanna e seu pai são alvos prioritários para o governo americano, que já investiu muitos recursos em sua captura. Com o desenrolar da trama, as verdadeiras motivações de Wiegler são questionadas, sugerindo um acerto de contas pessoal. A inteligência e a cultura de Hanna, uma jovem de dezesseis anos, destacam-se, mesmo em situações de tensão, o que torna sua personagem ainda mais intrigante. Wright, com sua habilidade única, expõe de forma sutil a dificuldade de certas pessoas em serem aceitas pelo que realmente são, uma luta que permeia tanto a vilã quanto a heroína, refletindo uma pureza corrompida pelo mundo ao seu redor.


Filme: Hanna
Direção: Joe Wright
Ano: 2011
Gêneros: Ação/Thriller
Nota: 8/10