Obra-prima do cinema italiano indicado a 36 prêmios, incluindo o Oscar, que está na Netflix Regine de Lazzaris A. Greta / Netflix

Obra-prima do cinema italiano indicado a 36 prêmios, incluindo o Oscar, que está na Netflix

Edoardo Ponti, diretor e filho da lendária atriz italiana Sophia Loren, celebra 50 anos com uma carreira que, embora modesta em quantidade, destaca-se em qualidade. Entre seus projetos, “Rosa e Momo” emerge como um tocante melodrama que narra a relação entre uma sobrevivente do Holocausto e um jovem órfão senegalês. Sophia Loren interpreta Rosa, contracenando com o talentoso Ibrahima Gueye, que assume o papel de Momo.

A história de Momo é marcada por tragédias. Ele perde a mãe, assassinada pelo próprio pai, e acaba sob a tutela do doutor Coen (Renato Carpentieri), um médico atencioso que opera uma clínica improvisada em sua residência. Momo, inicialmente, rouba Rosa, uma paciente de Coen, mas é forçado a devolver o item e pedir desculpas, iniciando assim sua interação com Rosa.

Rosa, uma senhora que acolhe temporariamente filhos de mulheres incapazes de cuidar deles, reluta em aceitar Momo, considerando seu comportamento problemático. Ela já é responsável por Iosif (Iosif Diego Pirvu) e Babu (Simone Surico) e teme a influência negativa de Momo, um menino envolvido em furtos e tráfico de drogas. No entanto, pressionada por Coen, ela eventualmente cede e acolhe o menino.

A relação entre Rosa e Momo começa de maneira tensa. Rosa, desconfiada, impõe disciplina rígida, temendo pela segurança das outras crianças. Momo, por sua vez, luta contra sua rebeldia e busca carinho. Trabalhando com Hamil (Babak Karimi), um lojista paciente, Momo aprende lições valiosas sobre a vida.

Um episódio em que Rosa e Momo testemunham refugiados sendo detidos pela polícia cria uma ligação profunda entre os dois. Rosa, que também sofreu perseguição e intolerância, vê sua própria história refletida na de Momo. O menino, desconhecendo o horror de Auschwitz, vê apenas o número tatuado no braço de Rosa, um símbolo de sua sobrevivência. Os traumas do passado de Rosa começam a afetar sua saúde mental e física.

“Rosa e Momo”, na Netflix, é um drama poderoso, centrado em personagens com personalidades fortes e resilientes. A amizade que se desenvolve entre eles é tocante e autêntica, com performances impressionantes de Loren e Gueye. Loren domina a tela com sua presença magnética, enquanto Gueye traz uma crueza emocional que cativa o público.

Além dos protagonistas, o filme conta com atuações notáveis de Babak Karimi e Abril Zamora, que interpreta Lola, uma vizinha e amiga de Rosa. Lola, uma mulher trans, oferece uma amizade sincera e afetuosa, completando o talentoso elenco deste marcante filme italiano.

Com um pano de fundo que reflete questões sociopolíticas, o drama explora a fragilidade da infância e a complexidade das respostas dos adultos às ações impulsivas das crianças. Ele promove lições de tolerância e amizade, mostrando que às vezes, aqueles que menos esperamos podem ser nossos salvadores. Rosa pode ter sido o refúgio de Momo, mas é ele quem acaba sendo sua salvação.


Filme: Rosa e Momo
Direção: Edoardo Ponti
Ano: 2020
Gênero: Drama
Nota: 9/10

Fer Kalaoun

Fer Kalaoun é editora na Revista Bula e repórter especializada em jornalismo cultural, audiovisual e político desde 2014. Estudante de História no Instituto Federal de Goiás (IFG), traz uma perspectiva crítica e contextualizada aos seus textos. Já passou por grandes veículos de comunicação de Goiás, incluindo Rádio CBN, Jornal O Popular, Jornal Opção e Rádio Sagres, onde apresentou o quadro Cinemateca Sagres.