A reforma tributária está sendo votada e traz um monte de mudanças. Quando ela for aprovada existirão algumas categorias de taxação: produtos isentos, produtos com imposto reduzido, produtos que serão taxados normalmente e produtos que terão taxa maior do que o teto. Sobre esses últimos, haverá a taxação do tal imposto do pecado, nome estranhíssimo para se referir aos produtos que fazem mal a saúde ou ao ambiente.
Me pareceu, portanto, que se o produto faz mal, mas rezar muito e pedir bastante a Deus, ele pode ser perdoado do seu pecado e passar a ser taxado normalmente. Esse deve ter sido o caso das armas, já que elas não pegaram o tal imposto do pecado e serão taxadas normalmente. Os fabricantes de armas na certa rezaram bastante para se livrar de seus pecados, rezaram na cartilha dos congressistas e se deram bem.
Já os livros serão isentos de impostos. No entanto, editores já estão falando que com as mudanças tributárias, apesar de isentos, os livros podem ficar mais caros, por questões contábeis complicadas, créditos tributários e afins. Enquanto isso, menos taxadas, as armas ficarão mais baratas.
Pois essa questão tributária pode ter a ver com o que um amigo presenciou outro dia. Estava viajando pelo interior, quando, passando por uma cidadezinha vislumbrou um estabelecimento cujo nome o deixou intrigado. Se chamava Clube de tiro Machado de Assis. O amigo ficou tão curioso que estacionou o carro e foi até lá. Entrou e se deparou com várias estantes cheias de livros. Foi falar com um sujeito que estava atrás de um balcão.
— Boa tarde, no letreiro lá fora está escrito que isso aqui é um clube de tiro.
— É isso mesmo. Clube de tiro Machado de Assis.
— E onde estão as armas?
— Estão todas ali nas estantes.
— Mas ali só tem livros!
— Eles são as armas.