Tim, o personagem principal de “Questão de Tempo”, chega aos 21 anos acreditando que pode corrigir todos os erros do passado ao voltar no tempo, imaginando que isso lhe trará a vida perfeita. No entanto, mesmo que essa magia fosse real, não há garantia de que novas dificuldades não surgiriam, levando a novas descobertas e frustrações, perpetuando o ciclo da vida.
Em “Feitiço do Tempo” (1993), Harold Ramis (1944-2014) cristalizou essa obsessão do cinema, apresentando a história de Phil, interpretado por Bill Murray, um meteorologista preso em um loop temporal, revivendo o mesmo dia por anos. Ele tenta melhorar como pessoa para escapar desse ciclo. Richard Curtis, em “Questão de Tempo”, inverte essa premissa, permitindo que Tim viaje no tempo, mas apenas para eventos que não afetem outras pessoas. Essa licença poética convida o público a mergulhar em uma narrativa divertida e transformadora.
Domhnall Gleeson, com doçura e sinceridade, interpreta Tim, que descobre o segredo da família através de uma conversa reveladora com seu pai, interpretado por Bill Nighy. Juntos, eles formam uma dupla que sustenta a fantasia e a esperança subjacentes à trama, ambientada entre Londres e Crawley.
As atuações femininas, especialmente de Margot Robbie como Charlotte e Rachel McAdams como Mary, trazem frescor à narrativa, especialmente quando a história ameaça se concentrar demais nos protagonistas masculinos. Curtis, ao replicar elementos de “Simplesmente Amor” (2003), revitaliza os diálogos e inspira o público a valorizar o amor sem recorrer a magias. Tim aprende, após muitos desafios, que a vida é doce, mas também pode causar náuseas. Fugir para outra realidade não muda ninguém instantaneamente, algo que Tim descobre após muitas angústias.
Filme: Questão de Tempo
Direção: Richard Curtis
Ano: 2013
Gêneros: Romance/Ficção científica/Coming-of-age
Nota: 9/10