Chipre é um lugar paradisíaco e pitoresco localizado no leste do Mar Mediterrâneo, próximo a países como Turquia, Síria, Líbano, Israel, Egito e Grécia. Embora esteja perto do Oriente Médio, Chipre é parte da Europa e membro da União Europeia. De lá vem a cineasta Stelana Kliris, que, em seu segundo longa-metragem, “Mergulhando no Amor”, disponível na Netflix, entrega algo mais profundo e sombrio do que poderíamos imaginar. Pelo título, poderíamos pensar em uma comédia romântica pastelão, algo leve e descompromissado. Mas, não. Esse filme não é nada disso e surpreende positivamente.
Chipre também serve como locação para este filme estrelado por Harry Connick Jr., um astro cinquentão do cinema, que aqui interpreta John Allman, um rock star que decidiu se isolar em uma casa em um precipício no meio do Mar Mediterrâneo, sem avisar seu empresário e seus amigos. Anos depois de viver uma intensa história de amor com uma jovem chamada Sia (Agni Scott), para quem escreveu as canções que o tornaram famoso, ele decide retornar ao lugar onde a conheceu para buscar o amor perdido.
Na primeira cena, John se depara com um homem saltando do precipício, antes mesmo que possa ter qualquer reação para ajudá-lo. Não demora para que ele seja informado de que o local é conhecido por receber muitas pessoas descrentes da vida, dispostas a dar um ponto final em sua existência. A casa comprada por ele, inclusive, ficou anos inabitada justamente pelo fato de o local ser “amaldiçoado” pelas sucessivas mortes propositalmente provocadas ali.
Incomodado com a ideia de que pessoas possam usar o quintal de sua casa para tirar a própria vida, ele decide construir uma cerca para impedir a passagem. O interessante aqui é que o protagonista não está particularmente triste com os casos, nem mesmo preocupado com essas pessoas. Sua única intenção é que seu sossego não seja atrapalhado por essas pessoas completamente desesperançosas, mantendo-as afastadas.
John resolveu dar um tempo da carreira. Se isolar em um lar que tem história para ele, encarar as dores do passado e, quem sabe, reencontrar o grande amor de sua vida, o que acaba acontecendo. Simultaneamente, John conhece uma jovem musicista, que trabalha como entregadora do mercado local, e que tem uma voz doce como açúcar e deveria estar fazendo sucesso bem longe dali.
Enquanto explora esse triângulo, trazendo revelações que acabam sendo previsíveis demais, o longa-metragem apresenta um pouco da cultura conservadora local, as paisagens idílicas e o estilo de vida simples e descomplicado daquelas pessoas. O enredo tem melodramas exagerados e algumas cenas leves e cativantes, encontrando um ponto de equilíbrio suficiente para se tornar um programa agradável.
Menos leve e engraçada do que se espera, “Mergulhando no Amor” traz reflexões sobre a solidão, o que tem valor na vida e a corrida atrás do tempo perdido.
Filme: Mergulhando no Amor
Direção: Stelana Kliris
Ano: 2024
Gênero: Comédia/Romance/Drama
Nota: 8