O melhor filme de ação que você verá esta semana na Netflix Divulgação / Universal Pictures

O melhor filme de ação que você verá esta semana na Netflix

A guerra contra o terrorismo tem colocado diretores de Hollywood diante de um intrigante desafio. A questão central reside em decidir se a abordagem cinematográfica deve focar na análise objetiva das causas da guerra, sugerindo possíveis soluções, ou adotar uma postura mais assertiva, definindo claramente heróis e vilões, como visto em “O Reino”.

 Este filme, por exemplo, é um reflexo do direito à defesa das democracias contra a ameaça terrorista, especialmente após os ataques de 11 de setembro de 2001, orquestrados por Osama bin Laden e a Al-Qaeda. Esses eventos foram um divisor de águas na carreira de Peter Berg, que, como muitos artistas, sentiu o impacto das tragédias nacionais, embora tais produções não estejam isentas de críticas quanto aos seus objetivos comerciais.

Embora “O Reino” não mencione diretamente o 11 de Setembro, é inegável a conexão implícita ao abordar terrorismo, regimes teocráticos opressivos, e a presença militar americana no Oriente Médio. A narrativa reflete as estratégias de grupos extremistas como a Al-Qaeda, que buscam subjugar o Ocidente, retratando o cotidiano de pessoas comuns que vivem suas vidas sem se submeter a dogmas religiosos específicos. Berg, na introdução do filme, deixa claro seu objetivo de criar uma metáfora sobre a destruição impulsionada por visões deturpadas de certos grupos islâmicos, uma ameaça que, uma vez revelada, dificilmente pode ser contida novamente.

A formação da Arábia Saudita em 1932, liderada por Abdalazize ibn Saud, transformou a península arábica no epicentro dos conflitos religiosos. Os wahhabis, precursores dos terroristas árabes modernos, expandiram sua influência na Ásia Central, exacerbada pela dependência global do petróleo, um recurso que continua a alimentar conflitos. Matthew Michael Carnahan, diretor de “Mosul” (2019), explora essas dinâmicas em seu roteiro, destacando a resposta das forças americanas aos ataques de Bin Laden contra a monarquia saudita, culminando no atentado a uma base americana em Riade, que resultou em baixas tanto militares quanto civis.

No filme, Jamie Foxx interpreta Ronald Fleury, um oficial cuja sutileza inicial é rapidamente ofuscada pelo desejo de vingança que permeia o ambiente hostil da região. A atuação de Foxx, longe de seu papel premiado como Ray Charles, revela um personagem contaminado pelo clima de retaliação que predomina na luta contra o terrorismo. A obra destaca a colaboração entre um elenco diversificado, com Ali Suliman se destacando como o sargento Haytham, sublinhando a mensagem de que, na guerra, não há vencedores, apenas perdas compartilhadas.

A narrativa de “O Reino” é uma representação intensa e crítica das complexas realidades do conflito no Oriente Médio, oferecendo ao público uma visão profunda e reflexiva sobre as implicações da guerra e a luta contínua pela paz.


Filme: O Reino
Direção: Peter Berg
Ano: 2007
Gêneros: Ação/Drama/Thriller
Nota: 8/10