Na Netflix, o fracasso de bilheteria que Stephen King considera um dos melhores filmes da história do cinema Scott Garfield / Paramount Pictures

Na Netflix, o fracasso de bilheteria que Stephen King considera um dos melhores filmes da história do cinema

Considerada a mais diversa de todas as formas de arte, o cinema sempre atraiu o interesse do público com suas histórias de bastidores. Há pelo menos setenta anos, este fascínio mantém-se firme entre os apaixonados por assistir a filmes e explorar os mistérios ocultos das produções.

Esse interesse abrange câmeras pesadas, cenários bidimensionais, vedetes transformadas em ícones nacionais, galãs em trajes elegantes escapando de balas, mas não das bofetadas das personagens femininas intensas, e disputas entre caubóis e índios por terras e riquezas.

“Babilônia” traz referências evidentes ao clássico “Singin’ in the Rain” (1952) de Gene Kelly e Stanley Donen, que narra a história de atores do cinema mudo enfrentando a chegada do som. No entanto, Damien Chazelle marca sua identidade nos 190 minutos do filme, utilizando um elenco coeso que oferece frescor até às cenas que nos parecem familiares. O olhar do espectador é sempre guiado com firmeza.

O filme “Babilônia” retrata um caos calculado, refletindo a própria natureza do cinema. Na sequência inicial, Manny Torres, um mexicano-americano em Los Angeles, conduz um elefante por uma colina até Beverly Hills, onde ocorre uma festa desregrada promovida por um mecenas da Hollywood pré-Era de Ouro. O diretor-roteirista quebra barreiras, recusando concessões, o que se evidencia em uma cena escatológica aparentemente gratuita, mas que se conecta com a narrativa e com o subtexto da história.

Atrás das portas imensas da festa, estrelas dançam nuas, enquanto Nellie LaRoy tenta se passar por Billie Dove, uma ousadia para alguém que sobrevive de pequenos trabalhos e atuações em teatros suspeitos do Skid Row. Com a ajuda de Manny, Nellie consegue entrar na festa. Diego Calva e Margot Robbie, interpretando Manny e Nellie, dominam a trama, juntos ou separados, apresentando outros personagens que reforçam a visão de Chazelle: a ameaça que o som representava para o cinema mudo era real e constante, mas não para a esperta Nellie. Jack Conrad, interpretado por Brad Pitt, encarna perfeitamente a confiança patológica e o glamour dos astros de cinema.

O galã vivido por Pitt reflete a magia e a autoconfiança que cercavam os astros do cinema no passado e ainda cercam os do presente. Há um século, o som era o inimigo; hoje, são as distorções da fama e os influenciadores digitais. Atores talentosos precisam se precaver, enfrentando um nivelamento por baixo. Afinal, Clara Bow e Cary Grant não se fazem mais como antes.


Filme: Babilônia
Direção: Damien Chazelle
Ano: 2022
Gêneros: Drama/Comédia
Nota: 10