Indicado ao Oscar de Melhor Figurino, além de outras premiações no Bafta, Globo de Ouro e outros festivais, “Sra. Harris Vai a Paris” é uma deliciosa comédia dramática dirigida por Anthony Fabian, baseada no romance de 1958 de Paul Gallico. O enredo narra a história de Ada Harris (Lesley Manville), uma faxineira de meia-idade que vive em Battersea, um bairro da capital inglesa, onde é querida por muitos moradores locais e leva uma vida simples. Apaixonada pela alta-costura, ela sonha todos os dias com um vestido da Dior que viu em uma de suas clientes. Comprometida e focada, ela começa a juntar dinheiro para adquirir um vestido da grife em Paris.
Depois de juntar uma boa quantia, ela viaja para a capital francesa e assiste a um desfile da Dior, apaixonando-se por um belíssimo exemplar de edição limitada, feito sob medida para cada cliente. No entanto, realizar seu sonho se revela mais complicado do que ela imagina, quando descobre que não basta ter dinheiro para adquirir um vestido Dior, mas também status social.
Um dos empecilhos é Claudine Colbert (Isabelle Huppert), a severa diretora da Maison Dior, que trata Ada com desdém e a acha indigna de usar um dos vestidos da grife. Mas Ada é uma pessoa carismática e humilde, que consegue facilmente a simpatia e amizade de estranhos. Um deles é André (Lucas Bravo), o contador da Dior, que está disposto a ajudá-la a realizar seu sonho de consumo, inclusive recebendo-a como hóspede durante sua passagem por Paris. Também a modelo Natasha (Alba Baptista) e o riquíssimo Marquês de Chassagne (Lambert Wilson), que se torna interesse romântico da faxineira aventureira e consegue para ela a oportunidade de assistir ao já mencionado desfile.
O longa-metragem parece um conto de fadas com uma princesa encantadora, porém fora do padrão, em que situações quase mágicas e amigos leais tornam o sonho possível. Ada é uma espécie de Cinderela de meia-idade, uma mulher determinada, forte e trabalhadora, que conta com a lealdade de diversas pessoas, mostrando que nossas batalhas são muito mais difíceis se as lutamos sozinhos. Contar com a ajuda de amigos é fundamental para alcançarmos nossas conquistas pessoais.
O filme ainda faz críticas à exclusividade das marcas de alta-costura, que tentam selecionar seus clientes, impondo obstáculos que não se resumem meramente ao valor das peças. Clientes como Ada, até hoje, são praticamente “espantados” por vendedores que não fazem questão de tratar bem aqueles que não se adequam ao perfil da marca.
Além disso, Ada nos ensina lições de determinação e esforço, além de quebrar o estereótipo da profissão. Ser faxineira não é socialmente considerado uma profissão glamorosa e, consequentemente, mulheres e homens que trabalham como faxineiros são vistos como pessoas simples e que não têm “direito” a ter bom gosto, viajar para o exterior, possuir bens de valor e objetos de luxo. O que é uma falácia, já que vários desses profissionais têm ascendido socialmente muito justamente.
“Sra. Harris Vai a Paris”, disponível no Prime Video, é uma história adorável e encantadora, que já teve outras adaptações para as telas, mas, nesta versão de Anthony Fabian, segue uma atmosfera mágica e romântica, enchendo os espectadores de esperança e amor.
Filme: Sra. Harris Vai a Paris
Direção: Anthony Fabian
Ano: 2022
Gênero: Drama/Comédia
Nota: 9