De diretor brasileiro, ação hollywoodiana com Henry Cavill e Nicholas Hoult está na Netflix

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Baseado na trajetória verídica do roteirista Chris Roessner, “Castelo de Areia” narra a história de uma divisão de infantaria enviada para Baqubah, no Iraque, onde precisam resolver um problema crítico de abastecimento de água após a destruição da tubulação por bombardeios. A equipe enfrenta não apenas a escassez de água, mas também a hostilidade local e a tensão entre sunitas e xiitas.

Roessner se alistou no exército em 2001, ano que marcou o início das invasões ao Oriente Médio após os atentados de 11 de setembro. Ele se apresentou meses antes do ataque, com o objetivo de juntar dinheiro para a faculdade. Dois anos depois, sua unidade recebeu a missão que é o foco do filme.

Em “Castelo de Areia”, Matt Ocre (interpretado por Nicholas Hoult) é o alter ego de Roessner. O roteirista optou por não criar um protagonista heroico, mas sim por narrar a rotina perigosa e imprevisível de sua unidade. O grupo, sob o comando do sargento Harper (Logan Marshall-Green), inclui Chutsky (Glen Powell), Enzo (Neil Brown Jr.), Burton (Beau Knapp) e Carter (Anthony Welsh).

Sob a direção do brasileiro Fernando Coimbra, a cinematografia em tons pastéis de Ben Richardson nos imerge na paisagem árida e desafiadora onde os soldados têm de cumprir sua missão. Além do trabalho físico de reparar a tubulação de água com peças obsoletas, enfrentam a revolta dos habitantes locais que se opõem à sua presença.

O filme nos leva ao cotidiano desses jovens soldados que, mesmo aterrorizados pela tarefa perigosa, continuam devido ao senso de dever. Em uma das primeiras cenas, Ocre tenta se ferir para obter uma dispensa, mas acaba sendo enviado para uma missão ainda mais arriscada.

A rotina da divisão envolve viagens diárias de três horas até a estação de água para encher um caminhão pipa, retornar à cidade e distribuir a água aos moradores, e depois voltar para trabalhar nos reparos da tubulação. O caminho é repleto de armadilhas criadas por milícias locais que querem expulsá-los ou eliminá-los. A missão, ordenada pelo governo, avança lentamente, enquanto os soldados lidam com a constante ameaça de morte.

Roessner expressou sentimentos mistos em relação ao filme, combinando orgulho pela realização do projeto e tristeza pela conexão emocional profunda com a história, que é um reflexo de sua própria vida. O filme revela também a relação distante de Roessner com seu pai, que abandonou a família quando ele tinha seis anos. Roessner compreendeu que o alistamento foi uma tentativa de se reconectar com o pai, também um veterano de guerra. Após seu retorno aos Estados Unidos, eles voltaram a se falar.

Fernando Coimbra se interessou pelo projeto devido ao enfoque em um problema local, uma abordagem rara em filmes de guerra que geralmente se concentram em combate e morte. O filme, que está na Netflix, destaca a relação de camaradagem entre os soldados, que se tornam uma família improvisada ao compartilhar experiências intensas, traumas, medos e frustrações, além de explorar a complexa interação dos soldados com a população local.


Filme: Castelo de Areia
Direção: Fernando Coimbra
Ano: 2017
Gênero: Guerra/Ação/Biogragia/Drama
Nota: 8/10

Fer Kalaoun

Fer Kalaoun é editora na Revista Bula e repórter especializada em jornalismo cultural, audiovisual e político desde 2014. Estudante de História no Instituto Federal de Goiás (IFG), traz uma perspectiva crítica e contextualizada aos seus textos. Já passou por grandes veículos de comunicação de Goiás, incluindo Rádio CBN, Jornal O Popular, Jornal Opção e Rádio Sagres, onde apresentou o quadro Cinemateca Sagres.