O perturbador filme da Netflix que te fará se contorcer no sofá e não te deixará piscar Divulgação / The Orchard

O perturbador filme da Netflix que te fará se contorcer no sofá e não te deixará piscar

“Creep” (2014), dirigido por Patrick Brice, explora a fragilidade humana, o impacto devastador de uma doença grave e a inevitabilidade da morte, tudo entrelaçado com a deterioração mental de um indivíduo prestes a perder o controle, mesmo tentando se enganar. Este cenário complexo é abordado com uma mistura de audácia e potencial genialidade, especialmente na incerteza da sanidade.

No filme, Josef, um personagem que finge ser um pai de família dedicado, enfrenta um câncer cerebral terminal. Para deixar um legado ao filho prestes a nascer, Josef contrata Aaron, um cinegrafista em dificuldades financeiras, que viaja até uma pequena cidade nas montanhas. O encontro não ocorre como previsto, e Aaron acaba enredado pelo charme sinistro de Josef.

Em “Creep 2”, sequência de 2014 e parte de uma trilogia, o equilíbrio entre terror e humor ácido é mantido com precisão. Três anos após o original, Josef está ainda mais instável, demonstrando o talento multifacetado de Mark Duplass. Este ator, reconhecido por sua versatilidade em filmes como “Blue Jay” (2016) e “O Dia da Transa” (2009), retorna com uma performance impactante, novamente acompanhado pela máscara de lobo Peach Fuzz e agora com um machado ameaçador.

Diferente do primeiro filme, onde as ações de Josef eram mais discretas, em “Creep 2” ele se revela mais abertamente, adotando o nome de Aaron. Sara, a nova cineasta interpretada por Desirée Akhavan, viaja para a mesma região montanhosa. Akhavan, inicialmente pensando em usar um pseudônimo, opta por seu nome real, apresentando uma vulnerabilidade que Josef manipula com habilidade. Brice utiliza a inocência aparente de Sara para espalhar pistas enganosas ao longo do filme, criando uma experiência intrigante para o espectador.

Antecipar inovações de Brice e Duplass para “Creep” poderia ser complicado, mas “Creep 2” consegue criar seu próprio ritmo. A sequência aprofunda o estudo da mente perturbada de Josef, agora intensificado após ele completar quarenta anos. O filme não revela novas facetas de sua natureza, mas foca no momento em que ele decidirá mostrar sua verdadeira face, explorando a aparente fragilidade de Sara, uma youtuber com pouca audiência. Este elemento de comédia dramática é bem explorado por Brice e Akhavan, equilibrando a personagem entre ingenuidade e sagacidade.

A curta duração de “Creep 2”, apenas 80 minutos, pode ser vista tanto como um mérito quanto uma limitação, dependendo do espectador. Alguns podem achar o final um exemplo perfeito de suspense, enquanto outros podem lamentar a liberdade narrativa. No entanto, é inegável que Brice e Duplass elevam Josef a um status único entre os criminosos da ficção, atraindo simpatia e repulsa pelo carisma de Duplass. Sua interpretação de uma mente perigosa provoca reflexões sobre problemas que podem afetar qualquer um. A qualidade da arte cinematográfica frequentemente ajuda a mitigar a proliferação de figuras tão perturbadoras na realidade.


Filme: Creep 2 
Direção: Patrick Brice
Ano: 2017
Gêneros: Terror/Thriller
Nota: 8/10