Fenômeno mundial da Netflix, filme com Jennifer Lopez foi assistido mais de 136 milhões de vezes Divulgação / Netflix

Fenômeno mundial da Netflix, filme com Jennifer Lopez foi assistido mais de 136 milhões de vezes

Criar filhos pode ser uma das maiores aventuras da vida, e através deles, logo aprendemos a ampliar nossas fronteiras de tolerância. No filme da diretora neozelandesa Niki Caro, a mãe retratada não abandona uma carreira questionável – e, mesmo que o fizesse, não mudaria muito sua situação – mas aceita com resignação o destino de se tornar uma exilada em sua própria vida, uma pária por decisões tomadas sem sua permissão e uma fugitiva dos confrontos nos quais é envolvida contra sua vontade. Caro começa de um ponto bastante genérico, aproximando-se lentamente do cerne de sua narrativa: o laço desfeito entre duas pessoas que não deveriam se separar, culminando em um ponto sem retorno, onde é impossível voltar ao início.

Na calmaria do amanhecer em tons profundos de azul no subúrbio de Linton, Indiana, no centro-oeste americano, uma casa de padrão médio esconde uma base do FBI que investiga o tráfico de armas de uma quadrilha internacional liderada por Adrian Lovell e Hector Álvarez. Interpretados por Joseph Fiennes e Gael García Bernal, esses chefes do submundo são especialmente hábeis em escapar das garras da polícia federal americana. O agente William Cruise, vivido por Omari Hardwick, inicia um interrogatório às seis e catorze da manhã, investigando uma cativa sobre metralhadoras soviéticas PKM, minas terrestres M18 e lança-foguetes de origem duvidosa, até que o inevitável finalmente acontece.

A introdução do filme, com a intensidade de uma arma de guerra, deixa o espectador maravilhosamente confuso com tanta ação e detalhes de um golpe. O roteiro de Andrea Berloff, Misha Green e Peter Craig mantém a tensão, explorando bem as possibilidades de evolução dos aspectos secundários da trama até o final. A mãe sem nome interpretada por Jennifer Lopez está em perigo mesmo sob custódia do Estado, devido ao seu conhecimento excessivo. Isso se confirma quando Álvarez, de maneira furtiva e conforme previsto, ataca, resultando em uma chuva de tiros que fere gravemente o personagem de Hardwick. No ataque do vilão de Bernal, Caro revela o segredo que conecta Álvarez à anti-heroína de Lopez, dando um novo sentido ao filme.

Até o encerramento, onde a diretora desvenda as últimas cartas e esclarece a verdadeira essência da anti-heroína, “A Mãe”, na Netflix, é uma sucessão bem conduzida de cenas rápidas e vigorosas, repletas de surpresas, onde Lopez demonstra a versatilidade que define seu trabalho. A esperança de um romance com Cruise diminui à medida que Zoe, a verdadeira protagonista, interpretada por Lucy Paez, assume seu papel, e tudo se torna mais coerente com a fotografia precisa de Ben Seresin, que mantém a atmosfera noir estabelecida no início.


Filme: A Mãe
Direção: Niki Caro
Ano: 2023
Gêneros: Mistério/Aventura
Nota: 8/10